Estratégia: Siderúrgica tem como meta triplicar vendas ao oferecer pacote de aços planos e longos e de cimento
O boom imobiliário, puxado principalmente por obras destinada à baixa renda, e projetos de infraestrutura entraram no alvo de negócios da Cia. Siderúrgica Nacional (CSN). A empresa deseja ganhar mercado nessas áreas atuando em três frentes: com aço plano, seu produto tradicional, cimento, que começou a fabricar no ano passado, e aços longos, no qual prevê estrear no início de 2011.
Com esse pacote de produtos - que vai de chapas de aço pré-pintadas para revestimentos de fachadas a vergalhões e barras mais o cimento, a CSN estima pelo menos triplicar sua receita no chamado segmento da construção em alguns anos, avalia Luiz Fernando Martinez, diretor comercial da empresa. Ele explica que a CSN vai poder oferecer um pacote completo para construção de casas e edifícios residenciais, incluindo os programas populares do governo, comerciais e de serviços.
A siderúrgica vislumbra também as obras de saneamento, transportes e logística do Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC, e empreendimentos (hotéis, shoppings, centros de convenção, ginásios esportivos e estádios de futebol) previstos para a Copa do Mundo de 2014 e para a Olimpíada de 2016.
Em seus planos, a CSN quer contar com três fábricas de aços longos até o fim de 2012, com capacidade de 500 mil toneladas cada uma, fazendo vergalhões, barras, arames e fio-máquina. O investimento total é estimado em US$ 1,1 bilhão. Em cimento, seu projeto prevê atingir 7 milhões de toneladas a partir de 2013. Esse volume envolve a expansão para quase 4 milhões de toneladas das instalações da atual unidade de Volta Redonda (RJ) - que já fará 1 milhão de toneladas neste ano - e de Arcos (MG) e com a construção de mais três no país. Prevê investir mais US$ 800 milhões.
Hoje, a CSN já oferece ao mercado da construção civil aços planos de vários tipos - laminado a quente, laminado a frio, zincado (para telhas), galvalume, pré-pintado e folhas metálicas), além do cimento. A fábrica de aço plano de Volta Redonda tem capacidade total de 5,6 milhões de toneladas de aço bruto por ano. " Nossa ideia é potencializar o portfólio de produtos para participar mais intensamente dos projetos do governo e da iniciativa privada nos próximos anos " , diz o executivo.
A grande aposta de Martinez é no crescimento da construção civil industrializada, ou seja, a utilização do aço para fabricar estruturas prontas para obras. Em relação à Copa de 2014, assinala que o Brasil contará com 12 cidades-sedes, cujas obras básicas de infraestrutura e estádios, além de vias de acesso, como avenidas e metrôs, devem render à indústria siderúrgica em torno de 3 milhões de toneladas adicionais nos próximos três anos. Incluindo a Olimpíada de 2016, a expectativa é que esse adicional chegue a 5 milhões de toneladas. " O consumo de aço para os estádios será de apenas 15% do total; a grande parte virá de obras de metrô, terminais de ônibus, bens de transporte urbano e outras obras de infraestrutura " , afirma.
" A predominância da cultura do tijolinho sobre tijolinho vai acabar no país, dando lugar a paredes, lajes e telhados prontos, fabricados no sistema de industrialização. O consumidor irá à loja comprar um kit completo - vergalhão, telha de aço, saco de cimento, entre outros materiais " , observa o executivo. O consumidor-alvo, explica Martinez, são as construtoras e empresas especializadas em materiais industrializados para a construção.
O objetivo da CSN é desenvolver parcerias com essas empresas para colocar seus produtos (aços e cimento) em todos os mercados da construção. " O setor promete crescer a taxas de 8,8% a 11% pelo menos nos próximos três anos " , informou o executivo. " Nesse setor, está todo mundo alegre " .
Aumento da renda e linhas de crédito com taxas de juros acessíveis, diz ele, são as palavras mágicas para explicar esse crescimento da demanda por moradias, principalmente na baixa renda.
Para o executivo, que já começou a montar a equipe de venda de aços longos, a construção industrializada também ganhará espaço da autoconstrução pela facilidade de montagem. Na venda direta às grandes obras, já analisa montar redes de corte e dobra.
Com isso, a CSN passará a competir com tradicionais empresas desse mercado - Gerdau, ArcelorMittal e Votorantim. No cimento, com mais de meia dúzia de grupos nacionais e estrangeiros.
Fonte Valor Econômico/Ivo Ribeiro e Genilson Cezar, de São Paulo
PUBLICIDADE