A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) comprou ações da Usiminas na bolsa e sinalizou que estuda adquirir uma fatia relevante no capital da companhia.
No dia 13, a CSN informou que havia alcançado fatia de 4,99% de ações ordinárias (com direito a voto) da empresa e de 4,99% de preferenciais (sem voto). Ontem, soltou um fato relevante para dizer que atingiu 5,03% das ONs.
As suas intenções com essas aquisições estão pouco claras. No comunicado de ontem, a CSN diz que "no momento" não quer ter fatias superiores a 10% em nenhuma das classes de ações da Usiminas.
Mas, em seguida, revela que está "avaliando alternativas estratégicas" com relação a seu investimento na Usiminas, incluindo possíveis aquisições adicionais de ações superiores aos valores mencionados. Essas compras, destaca a CSN, poderiam, inclusive, alterar a composição do controle ou a estrutura administrativa da Usiminas.
Mas a eventual entrada da CSN no bloco de controle da companhia mineira não seria nada fácil. Existe um acordo de acionistas firmado em 2006, e que vigora até 2021, envolvendo um grupo de investidores japoneses liderados pela Nippon Steel, a Votorantim, a Camargo Corrêa e o Clube dos Empregados da empresa. Juntos, eles detêm quase 65% das ações com direito a voto da siderúrgica. A venda dessas participações está amarrada a direitos de preferência dos demais sócios. Como Votorantim e Camargo atuam em bloco, cada um tem, em primeiro lugar, preferência sobre a participação do outro em caso de intenção de venda dos papéis.
O desejo da CSN de entrar na Usiminas não é de hoje. E não será surpresa se seu principal controlador, Benjamin Steinbruch, vier a anunciar qualquer hora uma oferta pela parte de um deles. Nos últimos meses, fortes especulações indicam que a Camargo estaria disposta a vender sua parte, assim como fez com as ações da Itaúsa, para empregar o dinheiro nos negócios de energia e cimento, áreas que elegeu como foco de crescimento.
Entrar no controle da Usiminas significaria ter acesso à geração de escória, subproduto do aço que é usado na fabricação de cimento. A CSN tem planos de ser grande também nesse negócio. Já tem fábrica em Volta Redonda (RJ) e planeja outras no país. Mas é justamente para assegurar suprimento de escória que Votorantim e Camargo se posicionaram na Usiminas.
Com isso, a empresa também não teria de fazer investimentos em usinas de aço para crescer no setor. Os projetos anunciados nos últimos anos não saíram do papel.
A Previ também é um grande acionista da Usiminas, com 10,4% das ONs, e possui um assento no conselho de administração e outro no conselho fiscal. O Valor apurou que a venda das ações não está no radar da Previ, pelo menos por enquanto, pois ela acredita que o preço dos papéis está baixo, já que o setor sofreu com a concorrência do aço importado e a alta do preço dos insumos em 2010.
Fonte: Valor Econômico/Ivo Ribeiro e Ana Paula Ragazzi | De São Paulo
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