Nos próximos cinco anos, a Cummins vai investir mais de US$ 200 milhões no Brasil. Parte dos recursos será aplicada em nova instalação industrial, cuja localização será definida em poucos dias. O principal executivo da empresa americana, Tim Solso, esteve em Guarulhos, ontem, dois dias depois de ter participado, em Brasília, de reunião do fórum de altos executivos, que ocupou parte da visita do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama.
A Cummins precisa de mais espaço para aumentar a produção. A nova fábrica consumirá cerca de US$ 60 milhões e receberá linhas que hoje ocupam a instalação principal, um prédio construído há cinco décadas às margens da Via Dutra, a poucos quilômetros do aeroporto de Cumbica.
Solso, que passou quatro meses no Brasil no início da década de 70, lembra que naquele tempo a região "parecia uma área rural". O movimento de veículos, que hoje sufoca a alça de acesso à entrada da empresa, revela ao executivo gargalos que podem ameaçar o crescimento econômico do país. Mas, ao mesmo tempo, representam também uma perspectiva de bons negócios para uma companhia que em 2010 faturou mais de US$ 13 bilhões nos mercados de motores a diesel e geração de energia.
Para ele, setores como o da construção civil, agrícola, mineração e marítimo, áreas de atuação da Cummins devem se beneficiar com os investimentos em infraestrutura, uma "prioridade, diz, num país que vai sediar a Copa do Mundo, em 2014, e os Jogos Olímpicos dois anos depois.
Segundo já decidido pela direção local, a área que abrigará a nova fábrica deve ficar a uma distância máxima de 40 quilômetros da sede da empresa. Para lá será deslocada a linha de geradores de energia e remanufatura. O prédio antigo será reformado, com investimento próximo de US$ 50 milhões, e passará a concentrar a produção de motores diesel. Em bairros muito próximos da sede funcionam duas outras instalações menores - uma que produz filtros e outra construída para abrigar as linhas de sistemas de emissões.
Assim, a Cummins tem conseguido driblar a falta de capacidade investindo na vizinhança. "Nossos fornecedores e clientes estão concentrados na região", afirma Luis Pasquotto, vice-presidente e principal executivo da companhia no Brasil. O país concentra a maior parte dos negócios da companhia na América Latina, uma região de onde sai quase 10% da sua receita anual. O grupo americano conta com instalações menores na Argentina, Peru e Chile, em parcerias com empresas locais.
O programa de investimentos inclui a compra de novos equipamentos para as fábricas e laboratórios
O programa de investimentos para o Brasil nos próximos cinco anos inclui, segundo Solso, a compra de novos equipamentos para as fábricas e laboratórios.
Segundo Solso, 64% dos negócios da companhia estão hoje fora dos Estados Unidos. "As coisas mudaram muito nos últimos sete anos", diz. Nesse período, a operação americana representava 60% da atividade. Mas os recentes resultados nos países emergentes indicam uma mudança de direção. No ano passado, a companhia produziu 245 mil motores na China, quase tanto quanto nos Estados Unidos (260 mil). Os volumes do Brasil ficaram próximos de 100 mil unidades.
Somente no ano passado, o crescimento de vendas da companhia alcançou 46% no Brasil e 70% na China. "São avanços muito mais acelerados que a expansão do PIB", destaca.
A despeito de a economia global ter se recuperado, o executivo mostra preocupação em relação ao efeito que os conflitos no Oriente Médio podem ter nos preços do petróleo. "Se o preço do barril chegar a US$ 150 ou mais, o efeito nas economias do mundo e nos nossos negócios será dramática", afirma. Da mesma forma, segundo ele, as recentes catástrofes no Japão poderão representar impacto econômico se o problema da radiação provocar um desastre maior.
A produção de motores diesel representa 62% da receita da Cummins na América Latina (exceto México), que em 2010 alcançou US$ 1,3 bilhão. Apesar da pressão mundial para que os fabricantes de motores invistam em energias alternativas, Solso aposta num "futuro longo" para os motores movidos a diesel. Ele lembra que a indústria tem reduzido drasticamente os níveis de emissões desses equipamentos.
"Além disso, estamos, paralelamente, investindo em novos tipos de energia, como os híbridos e o biocombustível", destaca. Para o executivo, os motores híbridos permitirão a continuidade do uso do diesel. Já em relação ao biocombustível, ele diz que o maior desafio é saber utilizar esse produto sem danificar a cadeia alimentar mundial.
Fonte: valor Econômico/Marli Olmos | De Guarulhos
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