Embora o desenvolvimento e a adoção ainda sejam lentos, tecnologias como dessalinização, captação de vapor para transformação em água potável, geração de energia a partir das ondas do mar, energia eólica e solar offshore prometem, no futuro, resolver uma série de problemas ambientais. No Rio de Janeiro, o Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe-UFRJ), vem pesquisando, algumas dessas tecnologias.
Segen Estefen, coordenador do laboratório de tecnologia submarina da Coppe/UFRJ, afirma que todas as tecnologias de aproveitamento de fontes renováveis do mar podem se beneficiar das técnicas utilizadas no setor de petróleo offshore. Desde 2001, o laboratório lida com fontes oceânicas visando a geração de energia e dessalinização.
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A mais antiga, discutida desde os anos 1970 devido à crise do petróleo, é a energia de ondas do mar. No mundo, já houve mais de 20 conceitos testados em escala real. Mas não há ainda nenhum operando comercialmente. “É preciso ainda incorporar novos desenvolvimentos para reduzir o custo da energia, que é três vezes superior a solar e eólica”, diz Stefen.
No Brasil, o desenvolvimento começou na Coppe, em 2001, e, após testes internos, a instituição fez um contrato de R$ 15 milhões com a Tractebel - adquirida pela Engie - e acordo com o governo do Ceará para teste em escala real, entre 2009 e 2014, no Porto do Pecém. “Depois de 2014, houve um teste financiado por Furnas próximo à Ilha Rasa, no Rio. Antes da pandemia, tivemos muitas discussões com a empresa para a continuidade e estamos aguardando”, diz Stefen. De acordo com Furnas, não há previsão, no momento, de aprovação para uma segunda fase do projeto.
Uma tecnologia oceânica mais recente é a solar flutuante, em que são instaladas estruturas no mar com painéis solares, com ingresso na rede elétrica por meio de cabos que se conectam ao ponto grid mais próximo.
Quanto à eólica offshore, o principal apelo é a escala. Em terra, há turbinas de 5 MW a 6 MW. No mar, já estão sendo projetadas turbinas a partir de 15 MW. Esses equipamentos são inviáveis em terra, e nem há como transportar. As turbinas serão construídas nos estaleiros e transportadas pelo mar. No Brasil, já há mais de 20 pedidos de licenciamento ambiental para parques eólicos offshore.
“Empresas de petróleo como a Equinor, que tem projeto para a instalação de parques eólicos na costa brasileira, querem eletrificar sua produção para reduzir as emissões. Devido ao aquecimento global, estão buscando, na tecnologia eólica offshore, uma saída financeira para seus investimentos em energia”, destaca Stefen.
A maior planta de dessalinização de água do mar entrou operação na ArcelorMittal Tubarão, em setembro, no Espírito Santo. Com investimentos de R$ 50 milhões, o sistema tem capacidade para dessalinizar 500 m³/hora de água, que substituirá parte do volume consumido do rio Santa Maria da Vitória.
Fonte: Valor