Uma parte da correspondência encontrada pela equipe de investigação interna da SBM Offshore mostra que executivos da companhia holandesa incluindo Bruno Chabas, que em 2012 se tornou presidente, tiveram acesso a uma das informações mais sensíveis e bem guardadas pela Petrobras, ou qualquer empresa de petróleo: suas estimativas de reservas totais de petróleo.
E no caso da Petrobras isso aconteceu antes que o material fosse apresentado ao conselho de administração. Vazaram inclusive as estimativas sobre a existência de 90,7 bilhões de barris de óleo equivalente potencialmente exploráveis. Essa era a estimativa da Petrobras para o volume mais provável (P-50) de reservas dos campos do pré-sal descobertos até 2010.
Do total, foram previstos 68,1 bilhões de barris das áreas licitadas - como Lula, Iara e Júpiter - e outros 22,1 bilhões de barris das áreas sob o regime de cessão onerosa, do qual o maior reservatório é Franco. Os volumes recuperáveis "riscados", ou seja, a estimativa de produção efetiva em cada campo, somava 17,24 bilhões de barris equivalentes. A estimativa de volumes "não riscados", com maior risco por estarem em fase exploratória, era de 20,9 bilhões de barris. Para se ter uma ideia do volume de petróleo e gás estimado pela estatal, as reservas provadas da Petrobras em 2014 eram de 16,6 bilhões de barris de óleo e gás.
As projeções foram feitas pela área de exploração com base em dados de outubro de 2010 e constam do Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado do Polo Pré-Sal da Bacia de Santos (Plansal), um relatório confidencial datado de 18 de março de 2011 e que estava em um email enviado por Jean Philippe Laures para cinco executivos. A SBM contratava o empresário Julio Faerman como consultor. O documento de 33 páginas é um mergulho nos planos da Petrobras para projetos de plataformas, detalhando número de poços a serem perfurados, gasodutos, dutos, tecnologias e conceitos até de drenagem dos reservatórios do pré-sal e escoamento de gás, entre outros aspectos confidenciais. E os investimentos estimados eram de US$ 160 bilhões.
Uma curiosidade é que algumas estimativas eram excessivamente otimistas. É o caso das reservas estimadas em duas áreas que depois foram devolvidas: Bem-Te-Vi (no BM-S-8 onde foi descoberto Carcará); e Parati, a primeira descoberta no pré-sal. A estimativa de volume recuperável riscado para ambos era de 960 milhões de barris.
Fonte: Valor Econômico/Cláudia Schüffner | Do Rio
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