A Vale voltou a liderar as recomendações para a Carteira Valor. Para abril, as ações preferenciais classe A (PNA, sem direito a voto) da mineradora foram indicadas por seis das dez corretoras participantes. Mesmo com a valorização de 11,47% no mês passado, os analistas avaliam que ainda há espaço para novas altas.
A Itaú Corretora, por exemplo, trabalha com um preço justo para Vale PNA de R$ 62,00 no fim de 2010. Isso significa um potencial de aumento superior a 24% em relação ao fechamento da última quinta-feira, de R$ 49,95 - acima do que projeta para o Ibovespa (alta de 19,5% até dezembro). A estrategista Cida Souza avalia que o momento para a Vale é bastante favorável para a negociação de preços do minério de ferro.
Embora trabalhe com uma expectativa de aumento médio de 70% para a commodity, Cida não descarta a hipótese de reajustes ainda maiores, e para prazos menores, o que é benéfico para Vale. Na quinta-feira, a empresa confirmou ter chegado a um acordo com boa parte de seus clientes mundo afora - cerca de 97% da base - para implementar um reajuste trimestral automático para os preços do minério de ferro.
"Apesar da volatilidade maior, a nova modalidade de contratos trimestrais permitirá que a empresa capture melhor eventuais aumentos de preços", afirma. Hoje, isso é relevante, uma vez que a tendência para os preços é de alta. No mercado "spot" (à vista), o minério de ferro está negociando na faixa de US$ 150 a tonelada, destaca.
O analista da Link Investimentos Leonardo Alves diz que o mercado já incorporou um reajuste do minério de ferro de pelo menos 90%. Apesar disso, a corretora também enxerga um potencial de valorização de 24%, levando em conta um preço-alvo de R$ 62,00. "O papel tem mais para subir, por conta da demanda aquecida." Segundo Alves, o consumo chinês, principal mercado da Vale, está forte e vem surpreendendo para cima. Fora isso, mercados como o americano e o europeu vêm se recuperando.
Do lado da oferta, os analistas não veem a possibilidade de elevação no curto prazo, o que seria essencial para diminuir a pressão sobre os preços. "As principais mineradoras estão operando a plena capacidade", afirma Cida, da Itaú Corretora. Além disso, ela destaca os múltiplos ainda atraentes da Vale. A relação entre seu valor de mercado e sua geração de caixa antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EV/Ebtida, na sigla em inglês) é de 7,3 vezes.
Ainda na Carteira Valor para abril - que continua mesclando setores ligados a commodities com mercado local -, outro destaque é a OGX Petróleo. As ações ordinárias (ON, com direito a voto) da empresa aparecem com quatro citações, enquanto Petrobras PN tem duas indicações. A Link, que trocou Petrobras por OGX, acredita que a empresa de Eike Batista tem mais chance de engatar uma valorização na bolsa no curto prazo do que os papéis da estatal, que têm de lidar com as incertezas relativas ao processo de capitalização.
O otimismo com a OGX, destaca a Link, está ligado à expectativa de anúncio do término da perfuração dos poços iniciada em fevereiro e às descobertas de hidrocarbonetos localizados no bloco BM-C-41. A corretora trabalha com um preço-alvo de R$ 22,50 para OGX ON, o equivalente a um aumento de 31,5% em relação ao preço de fechamento de quinta (R$ 17,10).
Do universo das empresas de matérias-primas, Gerdau PN também marca presença no portfólio, com outras duas recomendações. As outras posições na carteira para abril são ocupadas por empresas dos mais diversos setores, o que evidencia a estratégia de seletividade dos analistas num momento em que prevalecem as dúvidas em relação ao preço justo para a bolsa - que diga-se de passagem rompeu os 71 mil pontos na quinta-feira.
Com duas indicações cada, aparecem Banco do Brasil ON, Brookfield ON, Marfrig ON, Localiza ON e AES Tietê PN. BM&FBovespa ON completa a lista, com uma indicação.
Na Itaú, a indicação do BB, segundo Cida, está ligada ao desconto com que as ações do banco vêm sendo negociadas em relação aos seus pares no setor privado, na faixa de 32% pelo múltiplo do preço/lucro (P/L, relação que dá ideia de quantos anos vai demorar para o investidor ter de volta os recursos que aplicou) para 2010. "Esse é um desconto exagerado, porque já leva em conta os riscos de ingerência pública", destaca a estrategista.
Os papéis da Marfrig, do setor de frigorífico, também estão atrasados, segundo Cida, em função da decepção em relação aos números da empresa. Mesmo considerando uma possível revisão negativa de estimativas para a companhia, a Itaú projeta valorização de cerca de 40%. "Ao longo deste ano, vamos ver a empresa capturando as sinergias oriundas da aquisição da Seara."
A elétrica AES Tietê, a rede de aluguel de veículos Localiza e a incorporadora Brookfield estão entre as companhias que ganham com o crescimento da economia local, geração de emprego e aumento de renda.
Fonte: Valor Econômico/ Por Alessandra Bellotto, de São Paulo
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