A demanda global por aço vai crescer 4,5% neste ano, chegando a 1,855 bilhão de toneladas, após expansão de 0,1% em 2020, projeta a Associação Mundial do Aço (Worldsteel) em seu relatório “Short Range Outlook-SRO”, que atualiza as projeções de abril. O SRO, publicado duas vezes por ano, foi divulgado nesta quinta-feira em Bruxelas, sede da entidade. A Worldsteel reúne países responsáveis por 85% do volume total de aço.
O SRO também traça estimativas para o próximo ano, quando se prevê que a demanda terá aumento de 2,2%, atingindo 1,896 bilhão de toneladas de aço acabado fabricado no mundo.
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A previsão, nos dois cenários, destaca que, com o progresso das vacinações em todo o mundo, a disseminação de variantes do vírus da covid-19 será menos prejudicial e perturbadora do que a observada nas ondas anteriores.
Al Remeithi, presidente do comitê de economia do Worldsteel, afirmou que 2021 viu uma recuperação mais forte do que o esperado na demanda por aço, levando a revisões para cima, de forma geral, exceto para a China.
“Devido a esta recuperação vigorosa, a demanda global de aço fora da China deve retornar mais cedo do que o esperado ao seu nível pré-pandemia este ano”, disse.
Segundo o SRO, a forte atividade manufatureira, impulsionada pela demanda reprimida, é o principal contribuinte para a recuperação. “As economias desenvolvidas superaram nossas expectativas anteriores por uma margem maior do que as economias em desenvolvimento, refletindo o benefício positivo de taxas de vacinação mais altas e medidas de apoio do governo. Nas economias emergentes, especialmente na Ásia, o ímpeto de recuperação foi interrompido pelo ressurgimento de infecções”, comentou Al Remeithi.
Ele destaca que restrições do lado da oferta levaram a um nivelamento da recuperação na segunda metade do ano e estão impedindo uma recuperação mais forte em 2021. Mas, observou, espera-se que a demanda por aço continue a se recuperar em 2022, com uma maior carteira de pedidos combinada com a recomposição dos estoques e maior progresso nas vacinações nos países em desenvolvimento.
Porém, o SRO faz um alerta: “a inflação em alta persistente, o progresso lento e contínuo da vacinação nos países em desenvolvimento e a desaceleração do crescimento na China representam riscos para esta previsão”.
Desempenho da China
O relatório da Worldsteel aponta que a economia chinesa manteve seu forte impulso de recuperação de 2020 até o início de 2021, mas desacelerou a partir de junho. “Desde julho, há sinais marcantes de desaceleração da atividade siderúrgica do setor, levando a uma contração da demanda de aço de 13,3% em julho e de 18,3% em agosto”.
Segundo explica, a forte desaceleração chinesa é parcialmente atribuída a fatores ocasionais, como o recente clima adverso e pequenas ondas de infecções durante o verão. “As causas mais substantivas incluem a desaceleração do setor imobiliário e o limite governamental para a produção de aço”.
Elenca entre os fatores o enfraquecimento da atividade imobiliária, devido às duras medidas do governo sobre o financiamento de desenvolvedores introduzidas em 2020, o não aumento do investimento em infraestrutura em 2021 e a forte recuperação da indústria no mundo, o que reduziu o mercado de exportação do país.
Por isso, a partir de uma base elevada em 2020 e da tendência negativa no setor imobiliário, projeta-se recuo na demanda por aço chinesa no restante de 2021. O consumo aparente de aço, de janeiro a agosto, ainda é 2,7% positivo, mas estima-se que a demanda geral de aço recue 1% em 2021.
Conforme o SRO, não se espera nenhum crescimento na demanda de aço em 2022 na China, com o setor imobiliário permanecendo deprimido, em linha com a política governamental de reequilíbrio e proteção ambiental.
Economias desenvolvidas
Segundo o SRO, os lockdowns (bloqueios) mais direcionados e localizados ajudaram a minimizar o impacto das últimas ondas de infecção da covid-19 sobre as atividades econômicas em 2021. “No entanto, gargalos na cadeia de suprimentos e o setor de serviços ainda atrasado estão impedindo uma recuperação mais robusta”, destaca o relatório.
O ímpeto da recuperação em 2022 vai depender da redução nos gargalos da cadeia de abastecimento, da contínua demanda reprimida e o aumento da confiança dos consumidores e das empresas. “Depois de cair 12,7% em 2020, a demanda por aço aumentará 12,2% em 2021 e 4,3% em 2022, atingindo seu nível pré-pandêmico”, aponta o SRO, destacando países desenvolvidos da Europa, América do Norte, o Japão e a Coreia do Sul.
Nos EUA, informa, a economia continua em recuperação robusta, impulsionada pela demanda reprimida e por uma resposta política vigorosa. O nível do PIB real superou seu máximo anterior no segundo trimestre.
Fonte: Valor