Segundo o presidente do Grupo EBX, expectativa é de que produção comece em 24 meses
RIO - O presidente do Grupo EBX, Eike Batista, disse nesta quinta-feira, 12, que a descoberta anunciada hoje na Bacia do Parnaíba, pode representar uma reserva de até 15 TCF, o que levaria a uma produção média diária de até 15 milhões de metros cúbicos na região. "Esta é uma projeção minha, não é do nosso corpo técnico. Há ainda necessidade de fazermos outros testes e perfurarmos mais poços", disse o empresário em teleconferência com jornalistas nesta quinta-feira, 12. "A descoberta foi tão importante que liguei pessoalmente para o presidente Lula para dar a ele a notícia", comentou.
Segundo o diretor de Exploração e Produção da OGX, Paulo Mendonça - também presente à teleconferência - o poço perfurado no local teve uma vazão de 400 mil metros cúbicos, oito vezes o volume esperado a partir das duas sísmicas que haviam sido realizadas na região. Pelas sísmicas, disse o diretor, foi indicada a possibilidade de perfuração de 20 prospectos nos cinco blocos que estão sob concessão da OGX na região.
"Nós somos uma companhia extremamente peculiar. Não estamos atrás de um ou outro campo. Estamos em busca de novas províncias de petróleo e gás", disse o diretor, destacando que a companhia já encontrou uma nova província na Bacia de Campos e deve consolidar outra na Bacia de Santos. "Já perfuramos 15 poços em Santos, todos com descoberta", disse.
Segundo Mendonça, este poço na Bacia do Parnaíba teve um custo de US$ 59 milhões, e ainda não atingiu maiores profundidades. A campanha no Parnaíba deverá atingir a investimentos totais de US$ 600 milhões a US$ 700 milhões.
O engenheiro, que atuou por décadas à frente da área de Exploração da Petrobrás, disse durante a teleconferência que "poucas vezes na vida viu um teste" como o realizado no Parnaíba, com a vazão, pressão e potencial encontrado no local. "Um teste de gás que resulte chama a partir de três metros é interessante, mas estamos falando de 15 metros de chama. Também sabemos que quanto mais profundo o poço, maior pressão apresentada. Mas neste, já houve pressão estabilizada nos 10 metros", disse, destacando o fato de os custos para a extração do gás e eventualmente do petróleo encontrado no local serem menores do que em campos localizados no mar.
Além da localização em terra, os executivos do grupo também destacaram durante a teleconferência a posição estratégica da área do Parnaíba.
Segundo Eduardo Karrer, presidente da MPX, empresa ligada à área de energia do grupo EBX, esta descoberta pode atender aos sete empreendimentos de termelétrica, que devem gerar 1.863 MW na Amazônia. "Estamos caminhando este ano para obtenção da licença ambiental, e estamos buscando parcerias mundiais para garantir maior segurança na combinação hidrotérmica", comentou.
Ainda segundo Eike Batista, o projeto no Parnaíba tem um perfil "transformacional". "Vai atingir 29 cidades, que estão ligadas aos blocos que ocupam 21 metros quadrados. Todo o projeto, sísmica, operação de sondas também foi operado 100% por brasileiros", disse.
Início da produção
O presidente do grupo EBX afirmou que a empresa espera iniciar a produção na nova descoberta na Bacia do Parnaíba em até 24 meses. O gás será injetado em térmica da MPX, que será construída praticamente sobre as reservas. "A vantagem é que podemos iniciar a térmica em módulos, de 10 MW, 100 MW ou até 140 MW. Esse é um grande diferencial", afirmou Batista, ao explicar que o início da produção não depende da conclusão do processo de exploração de todas os prospectos da bacia.
O primeiro poço ainda está longe de seu objetivo final, de 3450 metros - a descoberta foi feita a 1600 metros. Em teleconferência com jornalistas, Batista disse que o projeto no Parnaíba é semelhante ao projetado pelo grupo para a Bolívia, antes de ser expulso por Evo Morales. "Queríamos colocar uma térmica próxima às reservas para agregar valor ao gás e exportar um produto mais agregado ao Brasil", contou.
A MPX ainda tem dois projetos de térmicas a carvão no Maranhão e em Pecém, que serão mantidas com aquele combustível. Além das térmicas, a OGX espera vender o gás para indústrias na região, disse Batista, citando as pelotizadoras de Carajás, que seriam potenciais clientes para o gás.
Fonte:O Estadão/Kelly Lima e Nicola Pamplona, da Agência Estado
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