Diante do cenário de menor consumo de minério de ferro e de baixos preços do produto, a Vale cortou seu plano de investimento para 2013 em 24% - ou aproximadamente R$ 10 bilhões.
A companhia informou ontem, segunda-feira, que seu Conselho de Administração aprovou um orçamento de investimento de US$ 16,3 bilhões (R$ 34,4 bilhões) para o próximo ano, valor inferior aos US$ 21,4 bilhões (R$ 44,9 bilhões) que tinham sido propostos no fim do ano passado para execução em 2013.
Tal valor, porém, não deve ser utilizado integralmente neste ano em razão da política da mineradora de postergar projetos não prioritários e reduzir despesas operacionais por conta do ambiente mais hostil. A Vale prevê investir US$ 17,5 bilhões neste ano, abaixo dos US$ 18 bilhões atingidos em 2011.
Em comunicado, a mineradora sinaliza que a fase de contenção de gastos vai continuar, indicando que o valor estimado de investimentos em 2012 será o "máximo previsto para os próximos anos".
Segundo a Vale, as perspectivas de uma "expansão moderada" da demanda global por minérios e metais no médio prazo "requerem rígida disciplina na alocação de capital e maior foco em maximizar eficiência e minimizar custos".
"Uma empresa enxuta, com excelência na execução [de projetos], e comprometimento com a transparência e criação de valor ao acionista são princípios de extrema importância para direcionar nosso processo de tomada de decisão", afirmou Murilo Ferreira, presidente da Vale, em nota. Ferreira indicou ainda que a mineradora será seletiva na avaliação de projetos.
"Mais do que nunca, estamos fortemente comprometidos em investir somente em ativos de classe mundial, capazes de criar valor ao longo dos ciclos e que possuam vida longa, baixo custo, possibilidades de expansão e produção de alta qualidade. A otimização da gestão de capital é sustentada por esforços contínuos para reduzir nossa estrutura de custos de forma permanente", afirmou o executivo.
Dos investimentos previstos para 2013, US$ 10,1 bilhões vão para execução de projetos e US$ 5,1 bilhões serão dedicados à sustentação das operações já existentes. Outro US$ 1,1 bilhão terá como destino o investimento em pesquisa e desenvolvimento.
Na previsão para 2012, estavam reservados US$ 12,9 bilhões a projetos, US$ 2,4 bilhões para pesquisa e desenvolvimento e US$ 6,1 bilhões dedicados à sustentação das operações existentes. Ou seja, só em pesquisa e desenvolvimento os investimentos serão cortados a mais da metade.
Para justificar a redução de investimentos, Ferreira disse que "a manutenção dos nossos atuais investment-grade ratings [grau de investimento] é, sem dúvida, um de nossos principais compromissos".
Em nota, a Vale destacou ainda que recebeu cerca de 100 licenças ambientais em 2012 para exemplificar seu foco na "excelência" na execução de projetos, ressaltando a importância da licença para a nova mina de Carajás, o projeto S11D.
A Vale mencionou ainda "o avanço" nas discussões relacionadas à tributação, "que ao serem gradualmente solucionadas eliminam riscos financeiros e liberam recursos para focar na gestão dos negócios".
Fonte: Folha de São Paulo/PEDRO SOARES DO RIO
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