SÃO PAULO - O estoque de aço plano nos distribuidores do Brasil deve cair menos em março diante da perspectiva de aumento de preços no aço vendido pelas siderúrgicas nacionais entre o final do primeiro trimestre e início do segundo.
De acordo com o presidente da associação que representa o setor de distribuição (Inda), Carlos Loureiro, reajustes de até 10 por cento esperados a partir de abril estão incentivando a cadeia a comprar mais antes que os novos preços entrem em vigor.
"Este mês o estoque deve cair menos. Haverá mais aumento de preços em abril e o pessoal (distribuidores) agora no final de março deve forçar um pouco mais a compra", disse Loureiro.
Os estoques de aço plano nos distribuidores encerraram fevereiro em 1,106 milhão de toneladas, nível 45 por cento acima das 764 mil toneladas verificadas um ano antes e equivalente a 2,9 meses de vendas, segundo Loureiro.
O presidente do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda) comentou que o volume ideal teria de ser suficiente para 2,5 meses de vendas, algo que deve ocorrer entre abril e maio. O setor encerrou 2010 com estoque suficiente para 4,3 meses de vendas.
O alto volume de estoques no mercado interno no segundo semestre de 2010 obrigou as siderúrgicas do país a conceder descontos de preços, algo que começou a ser revisto apenas no início deste ano, depois que os preços das usinas ficaram mais próximos do praticado por importadores.
Segundo Loureiro, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) vai elevar seus preços entre 6 e 10 por cento a partir de 1o de abril, mesmo patamar de ajuste aplicado por Usiminas e ArcelorMitall Tubarão em 15 de março.
"Mas esse aumento não chega a ser um aumento porque os preços estão bem abaixo de julho do ano passado", afirmou o presidente do Inda, acrescentando que as usinas concederam descontos em 2010 que chegaram a 30 por cento. "O prêmio de importação (diferença entre o preço cobrado pelas usinas no país e o preço do aço importado) praticamente inexiste hoje."
Na avaliação de Loureiro, os distribuidores devem incrementar suas compras em 20 a 30 por cento em março.
Para ele, o desempenho do setor, que vende aço para fabricantes de autopeças, empresas de construção, máquinas agrícolas e equipamentos, foi melhor que o esperado no primeiro bimestre, mas "isso é fruto do movimento de preços que também faz com que nossos clientes antecipem mais as compras".
A expectativa do Inda é de um aumento de 10 por cento nas vendas dos distribuidores de aços planos em 2011, após a comercialização de 3,8 milhões de toneladas em 2010.
A crise vivida pelo Japão após o terremoto deste mês que desencadeou uma tsunami devastadora e danos em usinas nucleares não deverá contribuir para um aumento nos preços internacionais do aço, diante da redução da oferta japonesa, disse Loureiro.
"O Japão estava trabalhando com ociosidade, sendo responsável por 6 por cento da produção mundial de aço, que está operando a 70 por cento da capacidade (...) Os problemas do Japão não vão gerar falta de aço."
Fonte: Reuters/Alberto Alerigi Jr.
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