A operação brasileira do grupo alemão ThyssenKrupp, um dos maiores produtores de aço da Europa, é crucial para a estratégia de diversificação geográfica adotada pela empresa alguns anos atrás. Ao invés de rumar para a Ásia, a escolha recaiu sobre o mercado americano, informou Hans Fischer, presidente da ThyssenKrupp Steel Americas. O grupo seguiu a trilha de muitos clientes, como montadoras asiáticas e outras, usuários de material siderúrgico com qualidade para aplicações high tech.
Fischer explicou que as vantagens de produção das placas no Brasil, na ThyssenKrupp CSA, no Rio, com custos mais competitivos para sua operação integrada, permitem competir nesse mercado qualificado dos EUA. Cerca de 70% da produção vai abastecer uma laminadora em Mobile, no Alabama, que vai atender a demanda dos consumidores do país. A região é uma espécie de "nova Detroit" americana. Os 30% restantes vão para a Alemanha.
"Na Europa, os mercados já estavam consolidados e a ThyssenKrupp fabrica aço de alta qualidade, cujo mercado americano é muito importante e tem grande demanda", afirmou Fischer, em visita a São Paulo num congresso do setor realizado pelo IABr. Além do setor automotivo, nos EUA a companhia alemã tem como alvo os mercados de tubos para óleo e gás, centrado na região de Houston, Texas, de bens de linha branca e o de bens de "linha amarela" - tratores, máquinas pesadas e outros equipamentos -, e centros de distribuição e serviços, que beneficiam o aço vendido em quantidades pulverizadas.
Nesse projeto integrado - Brasil, EUA e Alemanha -, a ThyssenKrupp investiu quase US$ 10 bilhões. Com isso, a companhia formatou uma nova divisão que vai representar a partir de 2012 um quarto do negócio de aço do grupo alemão. A previsão é alcançar produção de 20 milhões de toneladas por ano - 75% na Alemanha e 25% no Brasil por meio da CSA.
Depois de atrasos na implantação e de uma série de dificuldades no início de produção, com problemas nas emissões de material poluente ao meio ambiente, a CSA, afirmou Fischer, pretende resolver todas as pendências com órgãos ambientais até o primeiro trimestre de 2012. "Como presidente do conselho da CSA, aprovei investimento adicional de R$ 100 milhões para adoção de todas as medidas necessárias", disse o executivo. "Temos confiança de que todas as exigencias dos órgãos ambientais serão atendidas até o início do próximo ano". Esse investimento, que inclui um novo sistema de despoeiramento, está dentro do chamado "programa grafite zero" que visa eliminar completamente o problema de emissão.
O executivo disse que não tem planos de entrar na laminação de aço no Brasil e que nos próximos três a cinco anos não cogita expansão da usina, embora disponha de espaço para dobrar a capacidade atual. "O importante é que hoje já estamos operando com 80% da capacidade e produzindo placas com qualidade igual as feitas na Alemanha. Cremos que será ainda melhor", afirmou.
Fonte: Valor Econômico//Ivo Ribeiro | De São Paulo
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