A pesqueira Leardini, de Navegantes, tem sua primeira assembleia de credores marcada para o próximo dia 18. A reunião, que ocorre às 14h no Hotel Sandri, em Itajaí, vota pela aprovação ou rejeição do plano de recuperação judicial da empresa – o que, na prática, define a sobrevivência ou a falência do negócio. Caso não haja quórum, a votação fica remarcada para o dia 25.
O processo tramita na 1ª Vara Cível de Navegantes desde maio do ano passado. Na época, a Leardini recorreu ao dispositivo legal por ter dificuldades para fechar as contas devido à informalidade do setor, a alta do dólar e das taxas de juros. A empresa, que é uma das maiores no ramo de pescados do país, acumula dívidas de aproximadamente R$ 90 milhões – 75% do montante seria de débitos com bancos e, 25%, com fornecedores.
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Documentos anexados ao processo mostram diversas objeções das instituições financeiras às propostas de pagamento, principalmente em relação aos descontos sugeridos pela Leardini para quitar as dívidas e que podem variar entre 30% a 50%.
O BNDES, por exemplo, emitiu um parecer em novembro do ano passado reclamando que perderia R$ 1,3 milhão dos pouco mais de R$ 3 milhões que tem a receber. A carência de 24 meses para começar a pagar os credores quirografários (sem garantias) seria outro ponto de insatisfação para o banco, que justifica que a proposta ¿reduz sobremaneira as chances da recuperanda ter sua falência decretada, já que não existiria qualquer pagamento para essa classe dentro desse período¿.
A instituição termina a objeção ao plano argumentando que ¿as condições apresentadas são tratadas de forma genérica e lacônica, comprometendo sobremodo a segurança jurídica dos credores – o PRJ (plano de recuperação judicial) não apresenta compromisso consistente de pagamento dos créditos a ele submetidos¿. Além das dívidas com bancos e fornecedores, a Leardini soma R$ 47 mil de créditos trabalhistas e R$ 1,6 mil de dívidas com microempresas.
Otimismo
A administradora judicial do processo, Mara Denise Poffo Wilhelm, de Blumenau, diz que o processo corre com tranquilidade e que há otimismo em relação à aprovação do plano.
– A Leardini está tomando uma série de medidas administrativas, como redução de despesas e de seus quadros e está efetivamente trabalhando para ter uma boa recuperação. Ela tem condições de se reerguer – argumenta.
O juiz responsável pelo caso, Tanit Adrian Perozzo Daltoé, e um dos advogados que representa a empresa, Maycon Agne, foram procurados para falar sobre o processo, mas não responderam à reportagem até o fechamento desta edição.
Fonte: Diario Catarinense