As firmes exportações brasileiras de grãos neste ano estão levando o governo a monitorar os embarques destes produtos, disse o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Alessandro Teixeira, nesta segunda-feira.
Segundo ele, o pedido partiu do Ministério da Agricultura, que está preocupado com a situação de abastecimento de grãos para o mercado interno.
"Temos monitorado diariamente (essas exportações) em conjunto com o Ministério da Agricultura. Essa foi uma demanda que o ministro Mendes (da Agricultura, Mendes Ribeiro) fez para que acompanhássemos não só milho, mas também a soja e o farelo de soja para que não tenhamos desabastecimento interno", disse.
Questionado pelos jornalistas se esse acompanhamento diário poderia, eventualmente, levar a algum tipo limitação às exportações, Teixeira enfatizou que "acompanhamento é acompanhamento, não tem restrição nenhuma".
EXPORTAÇÃO RECORDE DE MILHO
O Brasil exportou um recorde de 2,76 milhões de toneladas de milho em agosto, com exportadores tentando escoar uma safra recorde em meio a altos preços no mercado internacional e boa demanda externa, após a forte quebra na safra dos Estados Unidos, o maior produtor e exportador global.
Os dados foram divulgados nesta segunda-feira pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
O recorde anterior da exportação mensal de milho havia sido registrado em setembro de 2010, quando o Brasil exportou 1,93 milhão de toneladas.
Em julho, as exportações do cereal já tinham sido relativamente altas, em 1,7 milhão de toneladas. Em agosto do ano passado, elas somaram 1,52 milhão de toneladas.
No acumulado do ano até agosto, as exportações brasileiras de milho somam 6,26 milhões de toneladas, após o país ter embarcado baixos volumes no primeiro semestre.
As exportações de soja, por sua vez, recuaram para 2,43 milhões de toneladas em agosto, ante 4,12 milhões em julho e 3,69 milhões de toneladas em agosto do ano passado.
Os exportadores de grãos concentraram os embarques em milho, após a soja disponível para exportação estar cada vez mais escassa, depois de grandes vendas na primeira metade do ano.
Integrantes do mercado acreditam que o Brasil poderá fechar o ano com exportações recordes de 15 milhões de toneladas de milho.
Para atingir esse volume de milho, as vendas externas teriam que ficar próximas dos embarques de agosto nos próximos quatro meses do ano.
OFERTA
O Brasil teve uma safra recorde de milho em 2011/12, com uma produção estimada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em 72,7 milhões de toneladas, além de elevados estoques, garantindo uma situação mais confortável de abastecimento.
Dados da Conab indicam que os estoques ao final da safra 2011/12 somavam 14 milhões de toneladas, mais que o dobro dos dois ciclos anteriores.
No caso da soja, o cenário difere, uma vez que uma seca nos Estados do Sul do país, importante região produtora, provocou quebra na produção brasileira da atual temporada, que caiu para 66,4 milhões de toneladas em 2011/12, contra o recorde de 75,3 milhões de toneladas do ciclo anterior.
Os estoques da oleaginosa ao final da safra estão em níveis bem mais baixos do que nos últimos dois ciclos, somando 961 mil toneladas, contra 3 milhões de toneladas em 2010/11 e 2,6 milhões de toneladas em 2009/10.
A alta dos grãos no mercado internacional depois da quebra da safra norte-americana, provocada pela pior seca em mais de 50 anos nos EUA, está impulsionando as exportações de milho do Brasil.
O milho e a soja --com o farelo da soja-- são destinados em grande parte à alimentação de aves e suínos, cujos custos estão em alta por conta da alta dos preços dos grãos nos mercados internacionais.
Fonte: AE
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