O ano foi de crescimento percentual de dois dígitos para a fabricante multinacional de compressores Embraco. Para acompanhar o ritmo, a empresa aumentou a capacidade de produção da unidade chinesa, de 6 milhões para 9 milhões de compressores anuais. Além disso, se prepara para colocar em funcionamento uma nova fábrica no México. O projeto de US$ 90 milhões deve começar a produzir em agosto de 2011, com capacidade para 2,5 milhões de compressores e expectativa de atingir 5 milhões em três anos.
Segundo o presidente João Carlos Brega, os investimentos estão dimensionados para suprir o crescimento estimado para o próximo ano. Controlada pela Whirlpool, a Embraco não revela valores de faturamento, nem o número percentual de crescimento deste ano. Mas comemora. "Estamos muito contentes, foi um ano muito bom para a Embraco. Nossos clientes saíram da crise mais fortes do que entraram." Além da expansão orgânica, a Embraco tem conquistado crescimento em índices de produtividade na casa dos 7% a 10%.
Apesar da recuperação lenta do mercado dos Estados Unidos, Brega diz que a Embraco está confiante na retomada completa da economia norte-americana no longo prazo. "Ninguém planeja a distribuição geográfica das plantas sem olhar para o médio e longo prazo e, como toda a certeza, o mercado norte-americano irá se recuperar", disse.
A confiança no crescimento da companhia ajuda a superar o desgaste do episódio de investigação de cartel internacional que envolveu a Embraco em 2009. Brega diz que a acusação não mudou em nada a maneira como a companhia se relaciona com os clientes no mercado internacional, mas não comenta desdobramentos do processo. Em setembro do ano passado, a Whirlpool pagou R$ 100 milhões em acordo com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para encerrar a investigação.
Oito funcionários da companhia assinaram termo com o Cade e arcaram com R$ 3,068 milhões para encerrar a investigação. Entre eles, o ex-presidente da Embraco Ernesto Heinzelmann, que foi substituído por Brega.
A aposta da Embraco para entrar com força no mercado americano são os compressores de alta eficiência energética. "Vamos entrar com um modelo de compressor que atenderá as especificações de eficiência energética que começam a valer a partir de 2014. Vamos antecipar para os nossos clientes essa solução a partir do ano que vem", diz o presidente.
Segundo Brega, os compressores permitem uma economia em energia de 30% a 35% em relação aos tradicionais. A Embraco também acaba de colocar no mercado um compressor que dispensa o uso de óleo lubrificante no funcionamento. A tecnologia foi desenvolvida em parceria com a Fisher&Paykel, Nova Zelândia, e a Whirlpool Corporation.
A eliminação no uso do óleo no funcionamento do compressor permite ao fabricante maior flexibilidade no projeto dos refrigeradores e no transporte. Além de ser mais compacto que o compressor convencional, o equipamento sem óleo facilita o transporte. Hoje, um dos grandes impedimentos para que os refrigeradores não sejam transportados na horizontal é a presença do óleo nos compressores.
Foram cinco anos de pesquisa e investimentos de US$ 20 milhões para o desenvolvimento da nova tecnologia, que detém 44 pedidos e concessões de patentes. A empresa iniciou a produção-piloto este ano.
A Embraco emprega de 3% a 4% anuais em pesquisa e desenvolvimento. Como resultado, colhe um faturamento que depende em mais de 70% de produtos inovadores, lançados a menos de um ano.
Brega diz que a empresa ganhou participação de mercado e já bate na casa dos 20% no segmento internacional de compressores. Segundo o presidente, houve crescimento na área de refrigeração residencial e comercial. A empresa segue com a estratégia de desenvolver produtos que atendam diretamente ao consumidor final.
O AeroTruck, desenvolvido para refrigerar as cabines de caminhões, foi a primeira experiência da empresa. Apesar de não ter gerado uma receita expressiva, o presidente avalia que foi importante para ensinar à empresa a lidar com o consumidor final.
Agora, e empresa se prepara para lançar ao mercado soluções com um microcompressor que pode ser adaptado a roupas de trabalho. A empresa já desenvolveu dois protótipos - um para roupa de bombeiro e outro em um macacão de piloto de corridas. A ideia é chegar a um personal cooler - um condicionador de ar individual - que poderia ajudar os profissionais que atuam em situações de calor intenso.
Fonte: Valor Econômico/Júlia Pitthan | De Joinville
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