A curta semana no mercado brasileiro começou difícil, especialmente para as empresas do grupo EBX, do empresário Eike Batista. Segundo levantamento da Economática, as seis companhias do grupo com ações listadas na Bovespa perderam só ontem R$ 11,930 bilhões de valor de mercado (cotação do papel multiplicada pela quantidade de ações).
Essa queda foi puxada pela OGX, petrolífera do grupo. Ontem, as ordinárias (ON, com voto) da companhia caíram nada menos que 17,25%, de longe a maior queda do Índice Bovespa, que perdeu 1,90%, fechando aos 65.415 pontos. Só com a desvalorização de ontem, a OGX perdeu R$ 10,960 bilhões em valor de mercado - caindo de R$ 63,5 bilhões para R$ 52,6 bilhões ontem. OGX respondeu por um terço dos R$ 30,4 bilhões que o mercado perdeu ontem.
Mesmo em intensidade menor, as ações das outras empresas do grupo EBX tiveram quedas significativas ontem. As ONs da mineradora MMX caíram 5,59%, enquanto as ONs da LLX, da parte de logística, se desvalorizaram 5,22%.
OGX tem queda de 17% e valor de mercado cai R$ 11 bi
Os papéis das companhias de Eike Batista estiveram em queda livre puxados pela OGX, que refletiu relatório da consultoria DeGolyer & MacNaughton (D&M), divulgado na sexta-feira à noite, sobre as reservas potenciais da petrolífera.
Os números da consultoria vieram abaixo das projeções da maioria dos analistas. A grande decepção dos profissionais de mercado foi com relação os recursos contingentes. Segundo o relatório da DeGolyer, esses recursos subiram de 0,1 bilhão para 3 bilhões de barris de óleo equivalente (BOE). As estimativas dos analistas eram de que esse número ficasse no mínimo em 4 bilhões de barris.
Em relatório, a analista da Ativa Corretora Mônica Araújo, diz que "o resultado frustra as expectativas e agrega um componente de risco relacionado ao 'disclosure' de dados por parte da OGX, que apresentou inicialmente números do potencial de reservas de Delineação que poderiam levar a uma percepção incorreta a respeito do verdadeiro resultado do relatório."
Algumas corretoras rebaixaram as recomendações para as ações da OGX e os preços-alvo. O Santander, por exemplo, mudou de "compra para "manutenção" e o preço-alvo de R$ 33 para R$ 25.
A queda da OGX afetou outras companhias do setor. As ON da HRT caíram 9,88% e as da Queiroz Galvão, 5,54%. Além do relatório da DeGolyer, o mercado não gostou das afirmações feitas pelo próprio Eike Batista de que não venderá mais 30% dos blocos que a OGX tem na Bacia de Campos e sim apenas 10%.
Parte do mercado se questionava se uma queda de 17% não era demais. Segundo um gestor de recursos, os números da consultoria apenas trouxeram mais incertezas numa empresa com muitas perguntas e poucas respostas. "O problema maior não são os números da consultoria, mas sim o pano de fundo disso", diz o gestor.
Fonte: Valor Econômico/Daniele Camba
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