O Rio de Janeiro subiu ao segundo lugar no ranking de maiores estados exportadores no país em 2018, superando Minas Gerais e ficando atrás apenas de São Paulo. Respondeu por US$ 30 bilhões ou 12,7% das vendas de todo o Brasil para o exterior, que somaram US$ 239 bilhões.
Em 2004, o estado fluminense figurava em quinta posição, tendo oscilado entre a quarta e a terceira colocações pelos 13 anos seguintes.
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O resultado foi puxado pelo setor de óleo e gás , que registrou avanço superior a 136% sobre 2016, batendo US$ 18,8 bilhões no ano passado, segundo o Diagnóstico do Comércio Exterior do Estado do Rio de Janeiro que será divulgado nesta terça-feira pela Firjan.
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Ao todo, a corrente comercial para o exterior fluminense saltou 83%, chegando a US$ 54 bilhões, considerando US$ 30 bilhões em exportação, com aumento de 73,2%, e US$ 24 bilhões em importações, mais 91,3%.
Com isso, o estado alcançou um saldo de US$ 6 bilhões, o maior desde 2013. O resultado mostra que a retomada do setor de óleo e gás na economia fluminense já é uma realidade, destaca Giorgio Rossi, coordenador da Firjan Internacional.
— A pesquisa mostra a retomada do setor de óleo e gás. Foi destaque na exportação, liderando a expansão em vendas. Houve ainda alta de 389% nas vendas de coque e de produtos derivados de petróleo e de biocombustíveis. Na importação, o setor mais que dobrou as compras, para US$ 2,2 bilhões, perdendo apenas para o segmento de outros equipamentos de transporte, exceto veículos automotores, que cresceu 262,9% — destacou Giorgio Rossi, coordenador da Firjan Internacional.
A receita gerada pelas exportações no segmento de óleo e gás aumento 143%, para US$ 18,8 bilhões, impulsionada pelo preço do barril de petróleo no mercado internacional e, em paralelo, pelo volume recorde de petróleo bruto exportado pelo estado, mostra o estudo.
Na direção contrária, a importação cresceu com a aquisição de óleos brutos de petróleo. A maior parte (81%) vinda da Arábia Saudita, tendo outros 16% comprados do Iraque.
Quase dois terços das exportações (64,3%) saíram de produtos básicos, enquanto perto de um terço (32,4%) foram de produtos industrializados. Dentre 30 segmentos analisados, 18 apresentaram expansão, com destaque para metalurgia e minerais metálicos.
Queda na venda de semimanufaturados
Houve um tombo, contudo, de 75% no comércio exterior de semimanufaturados. Na importação, houve recuo de 10% em bens de consumo.
— Penso que a queda na exportação de semimanufaturados pode ser reflexo da sobretaxa dos Estados Unidos ao aço importado. Já a retração na importação de bens de consumo pode ser reflexo da perda de renda da população — comenta Flávia Alves, especialista em comércio exterior da Firjan.
Os EUA se mantêm como o principal destino do comércio exterior fluminense, somando US$ 3,3 bilhões em vendas, incremento de 162,9% sobre dois anos antes, sobretudo de produtos semimanufaturados de ferro ou aço e partes de motores e turbinas para aviação. O mercado americano vem seguido por Cingapura, com a China em 8º lugar.
No recorte pelo setor de óleo e gás, contudo, as vendas para o mercado chinês saltaram em 220,5%, para US$ 10,4 bilhões, cinco vezes mais que o que foi enviado para os EUA.
— O crescimento das vendas para a China são uma sinalização do investimento do país asiático no Brasil. A guerra comercial entre EUA e China não é saudável para a economia global como um todo, mas traz uma oportunidade para o Rio ampliar suas exportações para o país, o maior mercado consumidor do mundo — pondera Rossi.
Em serviços, o saldo do estado ficou negativo em US$ 15 bilhões em 2018, considerando US$ 29 bilhões em exportações e US$ 44 bilhões em importações, embora a movimentação total tenha subido para US$ 73 bilhões, 18% mais que em 2016.
Mas vale destacar que mais de um terço das aquisições na área ficou concentrado em arrendamento operacional ou locação de navios e outras embarcações.
Nem todas elas chegam para o setor de óleo e gás, mas apontam avanço em produtividade, explica o executivo da Firjan.
Das 244 empresas ouvidas pela pesquisa, 63% são de micro ou pequeno porte e metade do total está localizada na capital do estado.
— Chama atenção o fato de que 65% das empresas exportaram em 2018, subindo da fatia de 52% no último levantamento. É bom sinal, considerando que é o segmento que tem mais dificuldade em chegar ao comércio exterior. Isso pode ter a ver com a vantagem cambial, mas também com mudanças recentes promovidas pelo governo, como a implementação do Portal Único (do Comércio Exterior) — diz Flávia.
Em contrapartida, 76% das empresas ouvidas declaram ter dificuldades para exportar, ante 62,6% dois anos antes. Os dois maiores entraves ao comércio exterior estão ancorados na tributação.
O principal deles é a burocracia — apontada pela primeira vez como o gargalo número um, desbancando a burocracia alfandegária. O outro é o custo e a dificuldade na recuperação de créditos tributários.
Mais da metade das empresas está acompanhando o avanço em negociações de acordos internacionais feitas pelo Brasil. A pesquisa foi fechada anteriormente à assinatura do acordo Mercosul-União Europeia, em julho passado.
Mas 62% das empresas relataram perceberem benefícios do bloco sul-americano para o país, como isenção ou redução de tarifas, o que abre oportunidades comerciais. Argentina, Chile e EUA são os três países apontados como novas fronteiras a serem exploradas em 2019 por pouco mais da metade das empresas que participaram da pesquisa.
Fonte: O Globo