Apesar do crescimento de 1% em exportações em 2010 em relação ao ano anterior, a participação do Rio Grande do Sul nos embarques nacionais passou de 10% para 7,6%, caindo da terceira para a quarta posição no ranking dos estados. No País, as exportações cresceram 32%. Segundo a Fundação de Economia e Estatística (FEE), as vendas externas gaúchas alcançaram US$ 15,4 bilhões no período. O volume exportado caiu 8,3% ao longo de 2010, mas a perda foi compensada com uma elevação de 10,2% dos preços em dólares.
Entre os principais motivos para a queda no ranking, tendência que vem desde 2003, está a valorização no mercado internacional de commodities metálicas e do petróleo, responsáveis pelo crescimento de volume e de valor de exportações de estados como Rio de Janeiro e Minas Gerais, que ocupam, respectivamente, a segunda e a terceira colocação no País. São Paulo mantém a liderança.
A agropecuária foi o principal responsável por deixar o desempenho do Estado abaixo da média nacional. A valorização do trigo na pauta, com alta de 136% nas exportações, não foi suficiente para reverter o desempenho da soja, principal produto primário de exportação gaúcho, com 86,3% de participação. Mesmo com uma boa safra, os grãos de soja tiveram redução de 7,9% nas receitas de suas vendas no período, devido a uma queda nas compras chinesas. “Neste ano a demanda deve ser normalizada. A preocupação é em relação à oferta, pois a safra deve sofrer efeitos do La Niña”, explica a economista da FEE Cecília Hoff.
No setor da indústria de transformação, houve expansão de 13,2% na venda de produtos alimentícios e bebidas, com ênfase para carnes, óleo e farelo de soja. A indústria química também contribuiu positivamente para as exportações gaúchas, com crescimento de 27,5% em receitas, assim como o setor de veículos automotores, reboques e carrocerias (53,3%) e o de máquinas e equipamentos (24,5%), com destaque para máquinas agrícolas.
Os resultados negativos na indústria de transformação foram para as exportações de fumo, com redução de 14,3% em valor e 27,5% em volume, e de coque e refino de petróleo, com baixa de 43,7% em valor e 57,2% em volume. Os calçados mantiveram sua posição, com queda de volume (3,4%) compensada pelo aumento de preços (11,7%).
Entre os destinos das vendas externas gaúchas, China, Argentina e Estados Unidos mantiveram as primeiras posições, apesar da redução de exportações em soja, energia elétrica e fumo. Tiveram crescimento nas vendas Paraguai (49,6%) e Holanda (43,4%), devido à compra de diesel e máquinas agrícolas e óleo de soja, respectivamente.
Para a economista, uma vez que o Rio Grande do Sul não possui commodities metálicas para exportação, produtos mais valorizados atualmente no mercado internacional, a preocupação deve ser manter a quarta colocação nacional investindo na modernização e na logística da indústria de transformação. “Devemos explorar melhor os mercados do Mercosul com demandas como máquinas agrícolas e carrocerias, já que a relevância do petróleo tende a crescer”, recomenda.
Fonte: Jornal do Commercio (RS)
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