A estatal chinesa de desenvolvimento agrícola CNADC e o governo de Goiás deram ontem um passo formal para transformar intenções em uma parceria concreta na produção de grãos e em investimentos em infraestrutura em 11 polos rurais.
Por meio de um memorando de cooperação, assinado pelo governador Alcides Rodrigues (PP) e por diretores da CNADC, os chineses se comprometem a avaliar a participação em projetos de expansão de lavouras de grãos, além de investir nas construção de ramais da ferrovia Norte-Sul em território goiano. A cooperação estima o fornecimento de 5 milhões de toneladas de soja e milho até 2017 à China. E prevê estudos para facilitar a aquisição de insumos e máquinas agrícolas chinesas.
Como não pode comprar diretamente terras no Brasil, em razão de restrições legais adotadas pelo governo federal, a CNADC quer participar em projetos específicos tocados por consórcios ou cooperativas de produtores rurais no Brasil. O pagamento dos financiamentos chineses poderia ser feito com o próprio produto. Os contratos seriam celebrados diretamente entre a estatal e os grupos de produtores. E é estudada a criação de um fundo privado de investimentos, que poderia financiar indústrias esmagadoras no Brasil.
A estatal CNADC mantém 10 mil funcionários em representações em 80 países ao redor do mundo. A empresa, que importa 18 milhões de toneladas de soja por ano, busca financiar a produção para garantir abastecimento ao mercado de 1,3 bilhão de habitantes do país. O Japão inaugurou essa estratégia nos anos 1970, ao financiar pesquisas e a expansão da soja no Centro-Oeste do Brasil.
O foco principal da cooperação será o financiamento da expansão de áreas, inclusive para pecuária, em regiões ao longo da Norte-Sul. Pioneira na aproximação bilateral, a Federação da Agricultura de Goiás (Faeg) calcula investimento inicial de US$ 5 milhões para desenvolver a primeira etapa de implantação das culturas.
Há forte interesse do governo goiano em garantir o aporte de capital chinês. O governador Alcides Rodrigues foi três vezes ao país asiático desde 2008. Os planos bilaterais incluem investimentos nos polos de Anápolis, Cristalina, Flores de Goiás, Jaraguá, Juçara, Mozarlândia, Niquelândia, Porangatu, Santa Izabel, São Miguel do Araguaia e Uruaçu. A proposta de cooperação teve ontem o aval do ministro chinês da Agricultura, Han Changfu; do embaixador da China no Brasil, Qiu Xiaoqi; e do diretor da CNADC, Liu Lianjun.
Fonte: valor Econômico/Mauro Zanatta | De Brasília
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