O movimento de "bater" nas ações da Petrobras para trazer o preço da oferta para baixo continua. As preferenciais (PN, sem direito a voto) caíram 1,49%, para R$ 26,45, com giro superior a R$ 1 bilhão. Já as ações ordinárias (ON, com voto) tiveram perda de 0,53%, negociadas a R$ 29,98. Na contramão, o Ibovespa subiu 0,61%, para 69.106 pontos.
Um dos fatores que tem pressionado ainda mais o papel é a insatisfação do investidor estrangeiro. Segundo fontes do mercado, a estrutura da operação da Petrobras que exige a conversão dos American Depositary Receipts (ADRs, recibos de ações) em ações no Brasil acabou inviabilizando a participação do acionista estrangeiro na oferta prioritária. "Os custos para converter os ADRs tornaram inviável a participação dos estrangeiros na oferta prioritária", reclama o diretor de investimentos de uma gestora estrangeira.
PNs da estatal caem 1,49% e já são cotadas a R$ 26,45
O mercado estima em pelo menos 4% o custo para o investidor estrangeiro participar da oferta prioritária. Segundo o sócio de uma empresa de gestão de investimentos no exterior, esses encargos vão desde a obrigatoriedade de se criar um veículo para carregar as ações no Brasil até a tributação. Segundo apurou a repórter Graziella Valenti, na entrada dos papéis é cobrado Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) equivalente a 0,38% e, na volta, de mais 1,5%. Além disso, há incidência de IOF no ingresso dos recursos para a compra dos papéis na oferta, fora o risco cambial.
"Ficou muito caro para uma subscrição", destaca a fonte. O resultado, continua, é que os estrangeiros perderam o direito de subscrição e vão ter de disputar as sobras do aumento de capital na segunda fase da operação com quem não é acionista. Mas há também acionista estrangeiro que simplesmente ignorou a possibilidade de participar da oferta prioritária e ainda avalia se compra ou não depois.
Aqui ou lá fora, o fato é que o mercado deve continuar derrubando os preços dos papéis, até porque o prazo para marcar a posição em Petrobras já passou. "Investidores locais e gringos estão vendendo, principalmente as tesourarias de bancos", afirma o diretor de uma asset. "A hora é de vender Petrobras para fazer caixa e derrubar o papel, a fim de entrar na oferta a um preço mais baixo", diz o gestor de renda variável da Infinity Asset, George Sanders.
Segundo ele, os investidores operam na expectativa de que o minoritário terá desconto na oferta. No mercado, já se cogita que o preço da PN possa ficar na casa dos R$ 25 ou até abaixo disso, em R$ 22. A retomada da oferta de papéis da estatal para alugar também teria ajudado a aumentar as posições vendidas.
Alessandra Bellotto é repórter de Investimentos. A titular da coluna, Daniele Camba, está de licença.
Fonte: Valor Ecdonômico/Alessandra Bellotto
PUBLICIDADE