Os Estados Unidos devem ultrapassar o Catar e a Austrália e se tornarem o maior exportador mundial de gás natural liquefeito (GNL) em 2022. E podem manter essa posição por muitos anos.
Em um ano em que a China e outras grandes economias da Europa e da Ásia precisaram se esforçar para obter suprimentos para aquecimento e geração de energia, os Estados Unidos estavam sentados em uma pilha de gás.
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A demanda mundial de GNL tem atingido recordes anuais desde 2015, principalmente pelo aumento da demanda na China e no resto da Ásia. Muito desse apetite mundial foi satisfeito pelo aumento constante das exportações dos EUA, que também tiveram novos recordes todos os anos desde 2016 e devem continuar em 2022.
A projeção da Agência de Informação sobre Energia dos EUA é de que em 2022 as exportações de GNL do país chegarão a 11,5 bilhões de pés cúbicos por dia, o equivalente a cerca de 325,6 milhões de metros cúbicos. Isso representaria cerca de 22% da expectativa de demanda mundial em 2022, de 53,3 bilhões de pés cúbicos por dia, segundo analistas do Goldman Sachs, e ultrapassaria a Austrália e o Catar, os dois maiores exportadores hoje.
Os Estados Unidos devem continuar a ser o maior país exportador de GNL até cerca de 2025, quando o Catar pode recuperar a liderança, à medida que concluir a expansão de seu Campo Norte. Mas se algumas empresas americanas começarem a construir novas fábricas para exportação, os EUA podem manter sua posição.
Grandes empresas dos EUA, como a Cheniere Energy, maior exportadora do país, assinaram acordos de longo prazo para vender GNL, o que deve permitir financiamento necessário para avançar em outros projetos multibilionários.
Muitos desses contratos são de compradores chineses. “Depois de passarem anos evitando compromisso de compra do GNL dos EUA, as empresas chinesas finalmente passaram à ação”, disse Nikos Tsafos, do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS).
Até agora em 2021, a maioria das exportações americanas de GNL foi para a Ásia, com cerca de 13% para a Coreia do Sul, 13% para a China e 10% para o Japão, segundo dados dos EUA. O Brasil também vem aumentando a compra de GNL americano.
Para Charlie Riedl, diretor executivo do Center for Liquefied Natural Gas (CLNG), o crescimento das exportações dos EUA ajuda o mundo todo a “ter mais acesso a um produto abundante e de preço razoável que ajuda a aliviar a atual crise de oferta mundial”.
Os preços do gás em todo o mundo atingiram altas recordes repetidamente em 2021, à medida que as concessionárias tentavam ficar com os carregamentos para recompor os estoques baixos na Europa e atender à forte demanda na Ásia. Os contratos futuros de gás dos EUA também subiram, e em outubro chegaram à sua maior alta em 12 anos. Mas com o clima ameno do início de dezembro, os estoques dos EUA foram repostos.
O setor de petróleo e gás promove o gás natural como combustível fóssil menos poluente do que carvão ou petróleo. O gás queima de forma mais limpa, embora o gás não queimado ou o metano liberado na atmosfera contribua fortemente para o aquecimento global.
As concessionárias em todo o mundo têm usado gás para manter os preços da energia relativamente baixos enquanto atendem à crescente demanda na transição do carvão para energias renováveis mais limpas. No entanto, alguns países, como a China, aumentaram a produção de carvão pela indisponibilidade de GNL.
Analistas da RBN Energy disseram ser provável que três produtoras avancem com novos projetos em 2022: a Cheniere com a expansão no Texas, e a Venture Global e a Tellurian, na Louisiana.
Fonte: Valor