Depois de 13 meses consecutivos de retração na comparação anual, a produção industrial avançou 2,3% em outubro ante o mesmo mês de 2011. Em relação a setembro, a alta foi de 0,9%.
O resultado, porém, não foi suficiente para anunciar a retomada do setor. Segundo especialistas, a expectativa é que a indústria encerre 2012 com queda entre 2% e 2,5%.
De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a alta de outubro foi impulsionada pelo setor de bens intermediários (que são produzidos para outras indústrias), que registrou aumento de 0,6%.
Um dos destaques foi a indústria extrativista (que inclui mineração e petróleo), com alta de 8,6%.
"Esse resultado [outubro] é ilusório e irreal porque não envolveu outros setores da economia", afirma o economista Daniel Keller, do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial).
BASE BAIXA
Para ele, a interrupção das taxas negativas foi importante, mas a base de comparação (com outubro de 2011) foi baixa.
"Naquele momento, a indústria vivia um mau momento, com acúmulo de estoque, paradas e férias coletivas", afirma.
A produção de bens duráveis teve aumento de 1,4%, com destaque para veículos (aumento de 3,7%), mas, como seu peso na pesquisa (10%) é inferior ao de bens intermediários (55%), o impacto pouco contribuiu.
No mês, a produção de veículos estava sendo retomada após a ressaca de setembro com a possibilidade do fim da redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados). O incentivo foi prorrogado até o fim do ano.
"Não dá para falar que a indústria está em franca recuperação. A alta de outubro não é da dinâmica da boa economia. É uma reação aos incentivos. É artificial", diz Alessandra Ribeiro, da consultoria Tendências.
O setor de bens de capital (máquinas, equipamentos, caminhões) caiu 0,6% no mês, e o de semiduráveis (vestuário, calçados), 0,3%. Os pesos das categorias na pesquisa do IBGE são de, respectivamente, 10% e 25%.
INCENTIVOS
"Mesmo com a avalanche de incentivos dados pelo governo, como IPI menor e desoneração da folha, e o real desvalorizado, a indústria não demonstrou firme recuperação", diz o professor do Ibmec Ruy Quintans.
Segundo o pesquisador do IBGE André Macedo, a alta de outubro é importante, mas ficou concentrada em 13 das 27 atividades industriais.
"A qualidade do crescimento de 0,9% teria sido melhor se envolvesse todas as atividades da indústria."
Ainda de acordo com ele, em outubro foram dois dias úteis a mais do que setembro. Em relação a outubro de 2011, foram três dias úteis a mais.
Fonte: Folha de São Paulo/VENCESLAU BORLINA FILHO DO RIO
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