As exportações brasileiras de minério de ferro - a maior parte delas feita pela Vale - aumentaram 25,7% no primeiro trimestre de 2010, ante o mesmo período do ano passado, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
As vendas externas do Brasil somaram 71,8 milhões de toneladas nos primeiros três meses do ano, contra 57,1 milhões registrados no primeiro trimestre de 2009, quando as vendas brasileiras sofreram o impacto da crise internacional.
Em março de 2010, o Brasil exportou 27,35 milhões de toneladas de minério, informou nesta quinta-feira (1) a Secex, o maior volume embarcado desde setembro de 2009, quando as exportações da commodity somaram 28,24 milhões de toneladas.
"As exportações de março (do Brasil) foram muito boas, teve um aumento forte, e isso é um indicador importante para a Vale, porque já dá um sinal de como será o volume de vendas externas (da empresa) no primeiro trimestre", avaliou Juliano Navarrro do BES Securities.
A Vale, maior produtora de minério de ferro do mundo, divulga o resultado do primeiro trimestre no dia 5 de maio, quando deverão ser conhecidos os volumes vendidos pela mineradora.
Navarro destacou ainda que as exportações de minério do Brasil no primeiro trimestre do ano ficaram em linha com o último trimestre de 2009, já em plena recuperação da crise, quando o Brasil exportou 71,7 milhões de toneladas.
"Levando em conta que ela (Vale) também vende para o mercado local, os dados (da Secex) confirmam que o ritmo de vendas está bem forte", avaliou.
Embora a exportação de minério de ferro do Brasil tenha crescido em março para 27,3 milhões de toneladas, ante 22,1 milhões de toneladas no mesmo mês de 2009, os preços médios do minério exportado no período caíram para US$ 52,30 por tonelada, ante US$ 59,60 por tonelada em março do ano passado, mas ainda ficaram acima dos US$ 49,70 de fevereiro, segundo a Secex.
A receita com as exportações brasileiras de minério de ferro somou US$ 1,42 bilhão em março, ante US$ 1,31 bilhão no mesmo mês do ano passado, informou o governo.
No mês passado, a balança comercial brasileira encerrou com superávit de US$ 668 milhões, com importações e exportações recordes para o mês.
Nesta quinta-feira, a Vale informou ter fechado acordos de preço de venda de minério com a maioria de seus clientes, dentro de um novo sistema trimestral de ajuste.
Soja tem leve queda
Apesar de o Brasil estar colhendo uma safra recorde de soja em 2010, as exportações neste início de ano ainda são ligeiramente inferiores às registradas no primeiro trimestre de 2009.
Segundo dados compilados pela Reuters, as exportações de soja somaram 3,8 milhões de toneladas nos três primeiros meses do ano, contra 3,9 milhões de toneladas no mesmo período do ano passado.
Para o analista da Agência Rural Fernando Muraro, alguns fatores explicam essa pequena queda nas vendas de soja em relação ao ano passado.
Ele lembrou que a chuva atrapalhou os embarques em fevereiro e destacou que em janeiro a nova safra só havia começado a ser colhida.
Em janeiro deste ano, as exportações de soja, que somaram apenas 93 mil toneladas, foram bem menores do que as do mesmo mês de 2009 (614 mil toneladas) porque os estoques de passagem estiveram baixos.
Já em março, as exportações não foram tão grandes como era esperado diante de uma safra recorde, somando cerca de 3 milhões de toneladas, porque as tradings não exportaram tudo o que poderiam por conta de questões logísticas e de câmbio.
"Com a valorização cambial bem no período, isso é terrível pra formação de preço, as tradings prorrogam mais, pra conseguir uma margem melhor na logística mais pra frente", disse Muraro, lembrando que a alta no frete rodoviário para tranporte da soja até o porto também reduz o "ímpeto" das tradings em levar a soja para a exportação.
O frete rodoviário entre Sorriso (MT) e os portos dos Sul/Sudeste atingiram recorde de US$ 240 por tonelada neste ano, segundo Muraro.
Brasil Econômico - Por Denise Luna e Roberto Samora/Reuters
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