Vendas do minério brasileiro chegarão a US$ 2 bi em 2011; países ampliam reservas para escapar de crise
Metal brasileiro atende a expansão da demanda mundial por ativo seguro, que segue em valorização
A instabilidade financeira e a expansão da renda da população mundial, especialmente da classe média, provocam nova corrida ao ouro. E, dessa vez, a riqueza extraída do solo brasileiro vai sobretudo para cofres de governos e bancos internacionais.
Instituições financeiras querem aumentar suas reservas em ouro, um ativo considerado seguro e em valorização. E o produto também passa a chamar a atenção de pequenos investidores.
"Já existem máquinas de venda de ouro na Europa e criação de fundos de investimentos por diversos bancos, popularizando uma aplicação que antes era pouco acessível", diz Mathias Heider, especialista do DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral).
Em 2010, o país produziu 61 toneladas e exportou 46 toneladas -75% do total. Em receita, as vendas externas atingiram o valor recorde de US$ 1,79 bilhão. "Em 2011, as vendas devem superar US$ 2 bilhões", afirma Heider.
O ouro do Brasil teve como principais destinos Reino Unido (43%), Suíça (28%), EUA (21%) e Canadá (2%).
"Os destinos confirmam que a exportação brasileira do ouro vai para o sistema financeiro, pois Reino Unido e Suíça, que somam mais de 70% das compras, são países de sedes de bancos mundiais", diz Antônio Lannes, gerente do Ibram (Instituto Brasileiro de Mineração).
A sul-africana AngloGold Ashanti, terceira maior mineradora de ouro do mundo, com unidades em Minas e Goiás, informou que exporta 100% da sua produção brasileira, de cerca de 13 toneladas ao ano. "Nossos clientes são bancos privados que ficam na Inglaterra e nos Estados Unidos", afirma a empresa.
RESERVAS FINANCEIRAS
Dados do World Gold Council (Conselho Mundial do Ouro) revelam o aumento da participação do ouro nas reservas financeiras mundiais nos últimos dez anos.
Nesse período, o estoque em ouro da China saltou de 395 toneladas para 1.054 toneladas, o que corresponde a 1,6% de suas reservas internacionais. O da Índia, subiu de 357,8 toneladas para 557,7 toneladas, representando 8,2% das reservas. O da Rússia, de 422,6 toneladas para 1.040 toneladas (7,8%).
Entre os Brics, o Brasil é o país que tem a menor participação de ouro em sua reserva financeira: 0,5%. Caiu de 115,8 toneladas em 2000 para 33,6 toneladas em 2010.
Para o professor de economia e finanças do Insper Alexandre Chaia a importância do estoque em ouro depende do objetivo da reserva do país. No caso do Brasil, a necessidade de moeda estrangeira para pagar a dívida externa dilui essa participação do produto em sua reserva.
"O ouro não tem liquidez", diz Chaia. Já os países desenvolvidos, segundo ele, têm maior reserva em ouro porque suas moedas já são fortes. "Hoje compram ouro por temer crise", afirma.
Fonte:Folha de São Paulo/PAOLA CARVALHO/COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
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