A determinação do governo de suspender a emissão de certificação sanitária internacional para pescados brasileiros destinados à União Europeia teve grande influência para a forte queda das exportações do país no primeiro trimestre, informaram o Coletivo Nacional da Pesca e Aquicultura (Conepe) e o Sindicato das Empresas de Frio e Pesca do Ceará (Sindfrio).
Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex/Mdic) destacados pelas entidades, os embarques do segmento renderam, no total, US$ 28,3 milhões no período, 34% menos que entre janeiro e março de 2017. Foi a primeira queda nesse tipo de comparação desde 2015.
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Em comunicado, Paulo Gonçalves, diretor do Sindfrio, estado líder na exportação de pescados no país, a trava deverá atrapalhar a safra da lagosta, que começará em junho, após o período de defeso, além de afetar a credibilidade do país. O Ceará lidera as exportações brasileiras de pescados.
Como já informou o Valor, a UE avalia impor um embargo formal aos pescados brasileiros, sob a alegação de deficiências sanitárias. Conepe e Sindfrio negam que tais deficiências sejam relevantes e generalizadas a ponto de justificar um embargo.
“A autoridade brasileira está encurralada. Suspendeu a emissão de certificação como forma de não ser barrada pela União Europeia, mas infelizmente não tomou nenhuma providência efetiva no sentido de resolver a situação, e o que estamos vendo agora é o bloco europeu prestes a solicitar embargo. Se isso acontecer será um desastre”, diz Torquato Pontes Netto, presidente do Sindicato da Indústria da Pesca, Doces e Conservas Alimentícias do Rio Grande do Sul (Sindipesca), Estado mais afetado pelo problema com a UE.
Em 2017, as exportações brasileiras, direcionadas a 59 países, alcançaram US$ 233,6 milhões. O principal destino das vendas foram os EUA (US$ 108 milhões.
Fonte: Valor