As exportações brasileiras de suco de laranja mantiveram um ritmo forte em maio e alcançaram 914,3 mil toneladas equivalentes ao produto concentrado e congelado (FCOJ, na sigla em inglês) nos dez primeiros desta safra 2019/20 (de julho do ano passado a maio último), 17% mais que em igual período do ciclo anterior, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) compilados pela CitrusBR, que representa as três maiores indústrias do segmento no país (Citrosuco, Cutrale e Louis Dreyfus Company). A receita dos embarques cresceu 4,5% na comparação, para US$ 1,5 bilhão.
Esse avanço, que ganhou tração a partir de março, reflete o aquecimento da demanda em diversos países desenvolvidos e mesmo emergentes em meio à proliferação da covid-19. Entre os consumidores, prevalece a sensação de que a vitamina C da laranja pode ser um bom escudo contra o novo coronavírus, o que não tem confirmação científica. Mas no mínimo, dizem fontes do segmento, o suco é reconhecidamente uma bebida saudável que, num momento como este, colabora para fortalecer a resistência do organismo.
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Esse sentimento é nítido na União Europeia e nos Estados Unidos. Conforme a CitrusBR, o volume das exportações de suco de laranja para a UE cresceu expressivos 25% nos dez primeiros meses da temporada, para 635,6 mil toneladas, enquanto o valor dessas vendas subiu 12%, para quase US$ 1,1 bilhão.
Desde sempre o principal mercado para o suco de laranja brasileiro no exterior, o bloco absorveu, portanto, praticamente 70% dos embarques do país de julho de 2019 a maio passado.
Para os EUA as exportações do Brasil recuaram, mas porque os estoques americanos estavam elevados quando a corrida pelo suco começou por lá. Foram 147,7 mil toneladas nos dez primeiros deste ciclo, ou US$ 238,6 milhões — quedas de 14% e 22%, respectivamente, em relação ao mesmo período de 2018/19.
“Temos visto algumas notícias sobre um forte aumento de consumo no mercado americano, mas ao que tudo indica esse avanço, que segundo relatórios internacionais teve início nas primeiras semanas de março, ainda não trouxe qualquer efeito sobre as exportações brasileiras, para aquele mercado”, afirma Ibiapaba Netto, diretor-executivo da CitrusBr, em comunicado. A entidade lembra que no início da atual safra americana, em 1 de outubro, os estoques no país estavam no maior patamar em cinco anos. Aparentemente, portanto, o incremento das vendas tem sido atendido com essas reservas.
Os maiores mercados para o suco brasileiro na Ásia também estão importando mais. Para o Japão, as vendas alcançaram 49,8 mil toneladas, ou US$ 88,5 milhões (crescimentos de 38% e 27%, respectivamente), e para a China foram 37,1 mil toneladas de julho a maio, 36% mais que no mesmo período da temporada passada, ou US$ 51,8 milhões, em queda de 6%.
Fonte: Valor