Com dólar baixo, as vendas para o exterior somaram US$ 92,1 mi, uma queda de 9,7% em relação a março de 2011
Acendeu a luz amarela no setor produtivo do Ceará voltado para o mercado externo. Em abril passado, as exportações do Estado somaram US$ 92,1 milhões, uma queda de 9,7% em relação a março e o menor montante movimentado desde maio do ano passado, quando a marca foi de US$ 90,6 milhões.
Segundo o superintendente do Centro Internacional de Negócios do Ceará (CIN/Fiec), Eduardo Bezerra, a cifra é alarmante. "Não me preocupo quando as exportações estão em torno de US$ 100 milhões, mas o resultado de abril significa uma retração das relações do Ceará com o exterior", diz.
Conforme Bezerra, o principal motivo é a valorização do dólar. Em 2011, desde janeiro, as exportações estão em queda. No primeiro mês, foram US$ 108,8 milhões. Em fevereiro, US$ 104,9 milhões, um recuo de 3,6%. Em março, US$ 102 milhões, queda 2,8% em comparação com o mês anterior.
De janeiro a abril deste ano, as exportações do Estado somam US$ 408 milhões, aumento de apenas 0,6% em relação a igual quadrimestre do ano passado. "É preocupante não gerar divisas como nos meses anteriores, mas não significa prejuízo", diz Bezerra.
Produção dividida
De acordo com o superintendente do CIN, o setor produtivo aproveita o mercado interno brasileiro "forte e aquecido" para vender. "Apesar das exportações terem sido menores, não significa que as empresas cearenses tenham produzido menos, mas dividiram a produção entre os mercados externo e interno", explica.
Estado pequeno
Ao comparar o crescimento de 0,6% das exportações do Estado com o crescimento acumulado das vendas internacionais do Brasil, de 31,3%, Eduardo Bezerra diz que o setor local é mais sensível às flutuações do dólar do que os outros estados exportadores. "O Ceará é um estado pequeno, com uma participação de 0,5% nas exportações do País", compara. "Não conseguimos usar os mecanismos de compensação que os estados do Sudeste usam".
Para ele, o Estado precisa da siderúrgica e da refinaria funcionando plenamente para fortalecer sua participação no mercado internacional.
"Enquanto não tiver indústrias estruturantes, o Ceará vai registrar apenas crescimento vegetativo, ou seja, crescimento sem intensidade". O Estado permanece na 15ª posição entre os estados brasileiros exportadores no quadrimestre. E na quarta posição no Nordeste, atrás da Bahia (US$ 2,8 bilhões), Maranhão (US$ 858,2 milhões) e Alagoas (US$ 739,7 milhões).
Os três principais setores exportadores cearenses (calçados, castanha de caju e couros) são responsáveis por 62,4% do total exportado pelo Estado nos primeiros quatro meses de 2011. Os dez primordiais produtos exportados pelo Ceará representam 67,2% do valor total exportado pelo Estado de janeiro a abril de 2011.
O setor de calçados continua como o principal setor exportador, porém, permanece em queda (20,3%) quando comparado igual período do ano anterior.
Dentre os principais países de destino das exportações cearenses destaca-se a Itália, que passou a ser o terceiro destino. Peru e Hong Kong permanecem com altas taxas de crescimento, respectivamente, 127,1% e 137,1%, devido às exportações de semimanufaturados de ferro/aço para Peru e couros para Hong Kong.
Importação recorde
O Ceará importou, de janeiro a abril, US$ 587,7 milhões. Esse é o maior valor importado pelo Estado quando comparados os primeiros quadrimestres dos últimos dez anos. O crescimento das importações cearenses no período analisado (15,7%) é inferior ao crescimento das importações brasileiras (27,1%) . No comparativo histórico de abril, o valor importado pelo Ceará é o maior dos últimos 10 anos.
O setor de gorduras e margarinas, com destaque para as importações da Indonésia e da Colômbia, apresenta variação positiva de 391,6% no quadrimestre. Continua a se destacar o setor de veículos automotores, crescimento de 379%.
Dentre os principais produtos importados pelo Estado, continua a se destacar o algodão simplesmente debulhado, não cardado nem penteado, oriundo dos Estados Unidos e Argentina, crescimento de 540,6%; e outros tipos de algodão não cardado nem penteado, dos Estados Unidos (575,4%).
Destaque para a Indonésia, que apresenta a maior taxa de crescimento dentre os principais fornecedores do Ceará, devido à importação de óleo de dendê. A balança comercial do Ceará segue deficitária em US$ 179,7 milhões, o maior resultado nos últimos 10 anos.
Fonte: Diário do Nordeste (CE)/CAROL DE CASTRO
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