A indústria de transformação retomou o crescimento em junho, com expansão de 0,7%, em relação a maio, das vendas reais, levando em conta o indicador dessazonalizado. No acumulado de 12 meses, a alta foi de 5,9%, enquanto nos primeiros seis meses do ano houve alta de 5,8%, segundo dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
O faturamento real dessazonalizado do setor recuou 1% no segundo trimestre, em relação aos primeiros três meses de 2011. Dos 19 setores pesquisados, apenas cinco registraram queda nas vendas em junho, em relação ao mesmo mês de 2010: têxteis (-11,5%), edição e impressão (-5,1%), metalurgia básica (-2,3%), alimentos e bebidas (-1,8%) e madeira (- 0,8%).
A produção, medida por horas trabalhadas, registrou queda de 0,7% no indicador dessazonalizado em junho, na comparação com maio. Em relação a junho de 2010, houve alta de 1,7%. O primeiro semestre de 2011 acumulou alta de 2,7% nas horas trabalhadas sobre os seis primeiros meses de 2010.
O emprego na indústria ficou estável em junho, em relação a maio. Nos 12 meses encerrados em junho, houve alta de 2,5%, e no primeiro semestre, aumento de 3,4%. A massa salarial real recuou 0,9% em junho sobre maio. Sobre junho de 2010, o rendimento médio real teve alta de 4,1%, e no semestre a alta real foi de 5,3%.
O uso da capacidade instalada da indústria recuou para 82,3% (indicador dessazonalizado) em junho ante média de 82,5% verificada em maio de 2011. Em junho de 2010, estava em 82,8%. A retração do uso de capacidade é observada em metade dos 19 setores pesquisados. O recuo maior foi observado nos setores de couros e calçados, têxteis e papel e celulose, atividades sob impacto direto da valorização cambial. Por outro lado, material eletrônico e de comunicação e móveis registraram os maiores aumentos mensais de uso de capacidade.
Para a CNI, é cedo para avaliar se a demanda interna será afetada pelas novas turbulências na economia americana e na Europa. Os empresários continuam a confiar que a atividade registrará expansão no Brasil, em 2011. "Nesse novo ambiente mundial mais recessivo, o Brasil, assim como os demais países, crescerá menos. Mas vai crescer", afirmou o economista da CNI, Flavio Castelo Branco.
Uma das primeiras consequências da nova crise internacional será o corte de juros, para dar sustentação à evolução positiva da economia brasileira, prevê Castelo Branco. "Como o juro no Brasil é muito alto, o espaço para a redução é bem grande, ao contrário das economias avançadas."
O economista avalia que, para se ter clareza do impacto da crise na economia brasileira, é preciso aguardar para ver quais serão os canais com risco de contágio. Ele lembra que a crise de 2008 "veio pelo corte de crédito ao comércio exterior e redução das exportações. A demanda interna foi afetada por efeitos de segunda ordem."
Fonte: Valor / Azelma Rodrigues
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