A mineradora Ferrous Resources, com sede em Belo Horizonte (MG), está pronta para levar adiante projeto de US$ 1,3 bilhão de investimento no Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais. Os recursos, entre capital próprio e financiamentos, inclusive do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), serão aplicados na expansão da mina de Viga, em Congonhas (MG). Viga vai multiplicar por cinco a produção, saindo de 3,5 milhões de toneladas em 2013 para 15 milhões de toneladas a partir de 2017. Nesse plano de crescimento, a Ferrous considera passar a embarcar minério também pelo porto Sudeste, principal ativo da MMX, em Itaguaí (RJ).
Não está no radar da Ferrous comprar o Porto Sudeste, da MMX, mas utilizá-lo na sua rede logística independente de quem for o controlador, se MMX ou outra companhia. "Consideramos utilizar o porto Sudeste", disse Jayme Nicolato, presidente da Ferrous. O plano da empresa, dentro do projeto de expansão de Viga, passa por fechar contratos de transporte ferroviário com a MRS Logística, e de embarque, com portos de terceiros, como o Sudeste.
Inicialmente, a Ferrous tinha projeto de ligar a mina a um mineroduto de cerca de 400 quilômetros até Presidente Kennedy (ES), onde ainda está prevista a construção de um terminal portuário. O projeto como um todo, incluindo a mina, estava orçado em cerca de US$ 5 bilhões, recursos difíceis de levantar após a crise de 2008. Mas segundo Nicolato esse projeto passa a ser uma opção para a companhia. A Ferrous tem embarcado minério pelo porto da Vale, no Rio.
Já o Porto Sudeste, da MMX, previsto para entrar em operação no fim de 2013 com capacidade de 50 milhões de toneladas por ano, tornou-se alvo da cobiça de tradings e de outras empresas depois de a EBX, controlador da MMX, ter mergulhado em crise de confiança e de crédito que afetou todas as empresas controladas do grupo. A MMX confirmou à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) negociações com as tradings Glencore e Trafigura. Este ano a Glencore tornou-se sócia da Ferrous, assim como a Ferrexpo, da Ucrânia. A Glencore tem interesse em aumentar sua participação na Ferrous, o que poderá ocorrer dentro de operação de aumento de capital de US$ 500 milhões para a empresa fazer frente aos novos investimentos.
Nicolato disse que parte desses recursos pode ser levantada junto aos acionistas existentes. A Ferrous tem cerca de 140 acionistas, sendo que entre os 12 maiores estão IEP Ferrous Brazil e Harbinger Group, dos Estados Unidos, e Sentient, da Austrália, além da Glencore, entre outros. Também há acionistas brasileiros. Nicolato disse que decisão dos acionistas e do conselho de administração da companhia sobre uma eventual abertura de capital da Ferrous fica para um momento mais à frente, dependendo das condições de mercado. Também pode ocorrer emissão de bônus.
O executivo disse que do valor previsto na expansão de Viga, 35% serão recursos próprios dos acionistas e 65% dívida (financiamentos). Nicolato afirmou que o plano prevê colocar US$ 1 bilhão em compra de equipamentos no mercado brasileiro, o que abre a porta para empréstimos do BNDES, e US$ 300 milhões no exterior, atrelados a contratos de compra de bens estrangeiros. O plano é entrar em setembro com carta-consulta no BNDES, primeiro passo para obter o crédito no banco.
Nicolato disse que o projeto de Viga tem alto grau de maturidade, o que diminui riscos. E que tem custo de investimento e de operação baixos e já dispõe de todas as licenças, o que lhe dá vantagens comparativas no setor. A notícia mais recente foi a conclusão do estudo de viabilidade para fins de financiamento, o que atesta, segundo a empresa, a sua viabilidade de implantação. As obras devem começar em março de 2014 com previsão de arrancada da produção em meados de 2016. A partir de 2017, Viga deve atingir capacidade máxima e fará Ferrous chegar a 17 milhões de toneladas de produção por ano, incluindo a operação de outras duas minas da empresa na região: Esperança e Santanense.
Fonte:Valor Econômico/Francisco Góes | Do Rio
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