Ferrovias precisam de R$ 8,1 bilhões para resolver problemas nos trilhos
Os 13 ramais ferroviários existentes no Brasil exigem R$ 8,1 bilhões para livrar-se dos atuais problemas nos trilhos, segundo avaliação da Confederação Nacional dos Transportes (CNT). Apesar do extenso cronograma de investimentos em expansão da malha, as ferrovias atuais sofrem com favelas nos arredores e com a precariedade de passagens de nível - cruzamentos com rodovias. A avaliação faz parte do estudo anual da CNT, que indica em R$ 54,4 bilhões o volume de recursos necessários à recuperação e expansão do setor até o ano de 2025.
O diretor-executivo da CNT, Bruno Batista explica que são 327 invasões na área onde correm os trilhos das ferrovias brasileiras. "Isso faz com que os trens tenham de reduzir sua velocidade nessas regiões", explica. Segundo ele, a velocidade média das locomotivas tem de ser reduzida de 25 quilômetros por hora a 5 quilômetros por hora nessas áreas, o que acaba abalando a produtividade dos trens. Entre as passagens de nível, são 276 as que demandam uma ação imediata.
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Como soluções para esses entraves, o documento da CNT recomenda a o reassentamento de famílias em residências próximas aos trilhos e a implementação de um programa específico de obras nas passagem de nível.
A despeito dessas deficiências, as empresas de logística ferroviária no Brasil têm conseguido elevar sua produtividade. De 1997 até o ano passado, praticamente dobrou o volume de toneladas por quilômetro útil transportado (TKU) nos vagões. Para este ano, a estimativa da CNT é de que esse indicador avance mais 7%, para 286,1 bilhões de TKU. Com isso, o volume total transportado pelas ferrovias deverá chegar a 492,2 milhões de toneladas úteis em 2009, também subindo 7% em relação ao ano passado.
Segundo pesquisa do CNT com os clientes das ferroviárias, porém, entre os principais entraves para o uso dos trens ainda estão o custo do frete - acima do rodoviário -. a confiabilidade nos prazos e a falta de vagões especializados para certos produtos.
A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) tem em curso uma revisão regulatória do setor de ferrovias. Entre as propostas avaliadas estão a regulamentação do direito de passagem que uma empresa de vagões paga para transitar sobre os trilhos de outra companhia; a regulamentação do direito desse usuário da infraestrutura; o estabelecimento de metas qualificadas de transporte; e a modernização e ampliação de capacidade da malha existente. Nesse arcabouço, a ideia da ANTT é tornar totalmente independentes posses dos trilhos e dos vagões, elevando a concorrência no setor.(Fonte: Valor Econômico/ Danilo Fariello, de Brasília)