Os gargalos de transporte global que abalaram indústrias e consumidores na era da pandemia ficaram evidentes para os políticos, economistas e investidores reunidos para um fórum econômico latino-americano no Panamá na quarta-feira.
Havia 101 navios esperando para fazer a viagem de 64 km através do Canal do Panamá na quarta-feira, seis a mais que a média até agora este ano, segundo dados compilados pela Bloomberg.
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O canal teve quantidades recordes de carga passando por suas eclusas em seu ano fiscal mais recente, à medida que a flexibilização das restrições comerciais entre China e EUA abriram o mercado para grãos, carne suína e gás natural liquefeito.
Uma expansão de US$ 5,25 bilhões inaugurada em 2016 permite que navios maiores da Ásia cheguem mais facilmente à costa leste americana e evitem os congestionamentos persistentes nos portos da Califórnia.
As importações de produtos asiáticas para a costa oeste dos EUA caíram 3,4% no primeiro trimestre em relação ao ano anterior, enquanto o número de mercadorias que entram na costa leste subiu 12,9%, de acordo com a plataforma de análise do mercado de frete Xeneta. Os embarques pela costa do Golfo do México subiram 31,1%.
Os efeitos em cascata dos lockdowns chineses estão começando a ser sentidos. Após os navios que se deslocam pelo canal aumentarem 18% em abril em relação ao mesmo mês do ano passado, este mês o canal observa um efeito retardado da política "covid zero" de Pequim, disse o chefe da Autoridade do Canal do Panamá, Ricaurte Vasquez, em entrevista durante o evento.
“Talvez o ritmo seja diferente e talvez a origem e o destino mudem um pouco, mas uma vez normalizado o lockdown, pode-se antecipar que os pedidos fluirão e os produtos sairão”, disse ele.
Mas assim que as fábricas na China aprenderem a conviver com a covid, a situação deve se estabilizar, disse Vasquez. Desde que a retomada seja gradual, o transporte poderá se adaptar, com o mercado ainda “muito forte em termos de disponibilidade de navios”.
Fonte: Valor