São Paulo - A Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) criticou ontem o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) pela alta de 0,50 ponto porcentual na taxa Selic e afirmou que a melhor forma de frear a inflação é por meio de redução dos gastos públicos. “Nos últimos três anos, a economia brasileira conviveu com um quadro de baixo crescimento e inflação acima da meta estabelecida. Para 2014, as expectativas indicam um resultado ainda menor para o PIB (Produto Interno Bruto) e uma inflação mais elevada. Esse cenário não deixa dúvidas a respeito da necessidade de alterações na política econômica em curso”, afirma a Firjan em nota.
Para a federação fluminense, “a solução não passa por mais juros e menos superávit primário”. “Por isso, o Sistema Firjan insiste na importância da adoção de uma política fiscal norteada pela redução dos gastos correntes e que efetivamente reduza a pressão exercida pelo consumo do governo sobre a inflação. Caso contrário, dificilmente o País poderá conviver com a tão almejada combinação de crescimento econômico e inflação controlada”, diz o comunicado.
A Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas e o SPC Brasil também reprovam o novo aumento de meio ponto na taxa básica de juros. Na avaliação da CNDL e do SPC Brasil, a decisão é prejudicial ao comércio. Algumas das razões é que o aumento dos juros braca a expansão do crédito no país, reduz o consumo e inibe a criação de novos postos de trabalho, justamente no momento em que com uma menor expansão da massa salarial, as vendas no varejo dão sinais de desaceleração.
Para o presidente da CNDL, Roque Pellizzaro Junior, a elevação dos juros não é capaz de resolver sozinha a escalada dos preços. Para isso, o controle inflacionário precisa ser realizado, prioritariamente, por meio de um amplo ajuste fiscal na máquina pública, com cortes de gastos do governo e desoneração dos setores produtivos.
“O sucessivo aumento da Selic é um sinal de que o governo não quer fazer seu dever de casa. O combate à inflação deve ser realizado a partir de uma política de corte dos gastos do governo. Sem essa contenção, o simples aumento da Selic não será suficiente para resolver o problema. Exemplo disso é que mesmo após seis altas consecutivas, a inflação encerrou 2013 ainda muito acima do centro da meta oficial”, defende Pellizzaro Junior.
Os trabalhadores também acompanharam o setor produtivo nas críticas ao Copom. “Mais uma vez, o governo curva-se aos interesses dos especuladores. As consequências da elevação da taxa são mais do que notórias: redução do consumo, da produção e do emprego. A medida evidencia a falta de prioridade do governo com relação ao crescimento econômico e, sobretudo, com relação ao desenvolvimento econômico”, afirma a Força Sindical em comunicado assinado pelo presidente Miguel Torres.
De acordo com a Força Sindical, ao elevar os juros básico da economia, “o Copom ratifica o aperto monetário elevando, pela sétima vez consecutiva, a taxa básica de juros” e “com isso, o Brasil ostenta a maior taxa de juros do mundo”. “A política monetária precisa ser subordinada ao projeto de desenvolvimento do País, e não o contrário. Os resultados da indústria em 2013 foram decepcionantes, a produção industrial andou de lado, e nem ao menos recuperou a queda de 2012 (-2,7%). Essa mesma indústria, que tem um papel de dinamismo na economia, apresentou em 2013 o maior déficit comercial da história. Por outro lado, os trabalhadores já sentem os impactos dessa estagnação com a perda de empregos. A elevação da Taxa Selic agrava ainda mais o cenário, já pessimista, para 2014”, afirma a nota da Força.
Fonte: Tribuna do Norte (RN) / (AE)
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