A energia gerada pelos colossais cata-ventos é limpa, propaga-se na paisagem de países desenvolvidos, mas ainda não basta para resolver eventuais panes que venham a ocorrer no fornecimento de luz no Brasil se as hidrelétricas falharem. Como o país adotou tardiamente a tecnologia, os parques eólicos respondem por apenas 3% do potencial energético. Para ser coadjuvante confiável, especialistas estimam que a participação deveria ser de pelo menos 10%.
A lógica dessa energia é ser complementar, nunca a fonte principal. O engenheiro Roberto Pereira D'Araújo, um dos diretores do Instituto de Desenvolvimento Estratégico do Setor Elétrico (Ilumina), lamenta que o país tenha demorado para adotar os cata-ventos, que foram se consolidar só a partir de 2005.
O consultor avalia que o maior obstáculo é a geração intermitente. O sistema pode sofrer miniblecautes se o vento parar ou, ao contrário, soprar forte demais para a capacidade das turbinas. A China procurou resolver a inconstância interligando baterias solares aos cata-ventos.
Diretor da Enecel Energia, Raimundo Batista Neto destaca que a energia eólica deslanchou nos últimos quatro anos. Nesta terça-feira, a Honda Energy lançou o projeto do parque de Xangri-lá, no Litoral. Com investimento inicial de R$ 100 milhões, deve operar em setembro de 2014, com capacidade para 27 megawatts (MW), o bastante para abastecer uma cidade de 35 mil moradores.
Os parques se multiplicam no país, mas Batista Neto alerta que há problemas a resolver. O especialista diz que não há estudos conclusivos sobre o regime de ventos. Teme que o potencial seja superdimensionado.
– É uma fonte importante, mas há limites – pondera.
Para a presidente-executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica, Élbia Melo, a tecnologia avança. Da atual participação de 3% na matriz energética, deve saltar para 6,5% em 2017 e chegar a 12% em 2020.
Na Dinamarca, os cata-ventos fornecem 30% da energia do país. Élbia não aposta que o Brasil alcance a mesma situação. Não há uma meta a longo prazo traçada pelo governo.
– Em 2012, quando os reservatórios das hidrelétricas baixaram, a eólica ajudou o sistema – diz Élbia.
No Brasil
140 parques eólicos em operação
3,4 gigawatts (GW) de capacidade instalada
6,87 GW em construção até 2017
No Rio Grande do Sul
15 parques eólicos em operação
460 megawatts de capacidade instalada
44 parques em construção, o que representa 1 GW
As diferenças
Eólica
Vantagem: energia limpa
Desvantagem: é intermitente, depende do vento
Solar
Vantagem: limpa
Desvantagem: não é constante, depende do sol e de baterias gigantes
Hídrica
Vantagem: eficiente e renovável
Desvantagem: inunda grandes áreas e pode parar com a falta de chuva
Térmica a carvão
Vantagem: é constante
Desvantagem: poluente e cara
Térmica a óleo
Vantagem: é constante
Desvantagem: cara e poluente
Térmica a gás
Vantagem: mais barata do que o carvão e o óleo
Desvantagem: não é renovável
Nuclear
Vantagem: operação barata e pouco poluente
Desvantagem: instalação cara e risco de acidentes
Fontes: Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica) e Instituto de Desenvolvimento Estratégico do Setor Elétrico (Ilumina)
Fonte: ZERO HORA/Nilson Mariano
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