A ExxonMobil ampliou suas metas de redução da quantidade de dióxido de carbono liberado com cada barril de petróleo que ela produz, aplicando-as em todas as suas operações, mas evitou os cortes mais profundos nas emissões endossados por companhias de petróleo concorrentes da Europa.
A gigante de energia dos Estados Unidos disse que almeja reduzir a intensidade dos gases de efeito estufa que produz em 20% a 30% até 2030. A meta anterior da Exxon era uma redução de intensidade de 15% a 20% até 2025 para suas operações de produção de petróleo e gás que, segundo ela, foi alcançada neste ano.
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A atualização das emissões e dos planos de investimentos, anunciada nesta quarta-feira, é a primeira desde que a Exxon perdeu assentos no conselho de administração em uma batalha por procuração com o Engine No 1, um fundo hedge ativista que afirmava que a companhia estava mal preparada para um futuro com baixas emissões de carbono.
A intensidade do carbono é uma medida das emissões por unidade de produção. Ativistas criticaram a Exxon por usar esse parâmetro, em vez das emissões absolutas, porque ele permite que as emissões totais aumentem se a produção de combustíveis fósseis aumentar. No entanto, a Exxon disse que seus planos atualizados levarão a emissões “no âmbito da corporação” 20% menores até 2030.
As novas metas da Exxon estão limitadas às emissões resultantes de suas operações, e não da queima pelos consumidores dos combustíveis que ela vende. Concorrentes europeias da Exxon, como a BP e a Royal Dutch Shell, disseram que cortarão a produção de petróleo e gás com o tempo, para atender as metas de emissões que englobam a queima de combustíveis.
A Exxon, baseada no Texas, pretende aplicar US$ 15 bilhões cumulativamente nos esforços de redução das emissões até 2027, ou cerca de US$ 2,5 bilhões por ano. Os investimentos totais planejados pela companhia estão entre US$ 20 bilhões e US$ 25 bilhões por ano até 2027, bem acima do orçamento deste ano, afetado pela pandemia, de US$ 16 bilhões.
A Chevron, maior concorrente da Exxon nos EUA, disse em setembro que aplicaria US$ 10 bilhões em empreendimentos de baixas emissões de carbono até o fim de 2028. As duas companhias prometeram uma parcela muito menor dos gastos totais com energia mais limpa do que suas concorrentes europeias.
Os gastos de capital que a Exxon pretende fazer ainda estão muito abaixo do total anual de US$ 35 bilhões que a companhia havia planejado antes que a pandemia derrubasse a demanda mundial por petróleo. O fundo Engine No 1 afirmou em sua campanha por procuração, no começo deste ano, que a administração estava gastando demais, colocando em risco o valorizado dividendo da Exxon.
A companhia registrou um aumento dos lucros este ano, graças em parte aos maiores preços do petróleo e do gás natural. Darren Woods, presidente executivo da Exxon, disse que a “perspectiva financeira melhorada” da companhia apoia mais investimentos em “projetos de alto retorno a uma lista crescente de oportunidades de negócios de baixa emissão financeiramente vantajosas”.
Grande parte dos gastos futuros da Exxon vai se concentrar em novos projetos na Guiana, onde a companhia descobriu grandes reservas de petróleo no litoral desse país sul-americano, e na bacia Permiana no Texas e Novo México, o maior campo de petróleo dos EUA.
A companhia disse que os planos permitirão dobrar seus lucros até 2027, comparado aos US$ 14,3 bilhões de 2019.
Os gastos de US$ 15 bilhões com a redução das emissões de carbono serão divididos entre os esforços para cortar as emissões das operações próprias, em grande parte através da redução dos vazamentos de metano e queima de gás, e na nova captura e armazenamento de carbono, e projetos de hidrogênio e biocombustíveis.
A companhia esboçou neste ano uma série de possíveis projetos de biocombustíveis e captura de carbono, como a construção de um enorme centro de captura e armazenamento de carbono em Houston, avaliado em US$ 100 bilhões, mas muitos desses projetos necessitarão de subsídios pesados ou que se chegue a um preço sobre as emissões de carbono.
Fonte: Valor