Todo mundo já sabe: o pré-sal é uma riqueza do Brasil. O que fica cada vez mais evidente é que o gás natural que virá com o petróleo tem um poder extraordinário de transformar a nossa economia e gerar empregos. O aumento da competição dará início a um processo semelhante ao que promoveu a recuperação da economia nos EUA na última década, com a exploração do gás de xisto.
Duas razões explicam esse movimento: a primeira é que mais que dobraremos a produção de gás, com os campos já licitados. A outra é a convergência entre governo e mercado para transformar essa produção em oferta ao País. Em outras palavras, esse gás terá de ser produzido para que o petróleo possa escoar, e o Brasil está criando as condições para que ele seja usado em território nacional.
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Ao contrário do que foi feito no passado, o choque de energia competitiva vem da criação de um ambiente de confiança para os investimentos e não de intervenções do governo. Estamos quebrando uma antiga lógica, lembrada por Roberto Campos, de que o Brasil nunca perdia uma oportunidade de perder uma oportunidade.
Estudos feitos pela Abrace apontam que o choque da energia competitiva tem potencial de gerar 12 milhões de empregos em dez anos e acrescentar 1% ao PIB brasileiro a cada ano.
A Petrobrás, que anunciou a disposição de concentrar esforços nos segmentos mais lucrativos, terá na criação de um mercado competitivo sua maior proteção contra as intervenções que, no passado, trouxeram tantos danos à companhia.
As indústrias terão acesso a um combustível que dará competitividade à produção nacional e promoverá investimentos novos. Governos e população se beneficiarão com o aumento da arrecadação e dos empregos.
Muitos Estados já dão sinais de que enxergaram, nesse movimento, uma grande oportunidade. Alguns, como Rio de Janeiro e Sergipe, até se anteciparam às propostas que estão sendo consolidadas pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).
Esse cenário aponta para um novo Brasil mais moderno, mais eficiente e competitivo, com o fortalecimento de instituições como ANP, Aneel e Cade e a consolidação do País como um polo de atração de investimentos internacionais. O gás também ajudará na transição de nossa matriz energética, consolidando a tradição brasileira na geração de energia limpa e renovável.
Chegou a hora do gás mudar a realidade do Brasil.
Fonte: Estadão