O presidente da Gerdau, Gustavo Werneck, disse hoje, em teleconferência com jornalistas, que agora em agosto a siderúrgica vai reajustar os preços de vergalhões em 6% a 8%. Esse é o segundo aumento seguido que a empresa imprime em seus produtos. Em junho e julho, o reajuste foi em torno de 10%.
“Em vergalhão estamos com um prêmio negativo em relação ao importado de 20% e com esse aumento em agosto, somado aos cerca de 10% que repassamos em junho e julho, deveremos zerar este prêmio”, disse o executivo.
Mais tarde, em teleconferência com analistas, Werneck afirmou que, além dos reajustes já anunciados de 6% a 8% em vergalhões para agosto, os preços de aços planos devem ter aumentos de 11% em setembro.
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Segundo o executivo, as condições do mercado e o prêmio alto justificam os reajustes.
O executivo afirmou que na construção civil o nível de atividade está “bastante intenso”. Segundo ele, os negócios retomaram acima das expectativas do setor.
“As construtoras estão acelerando as obras e os pedidos de aço. As nossas vendas de concreto armado foram 10% maiores que o segundo trimestre de 2019 e 27% superiores ao primeiro trimestre. Outro setor que está voltando é o de infraestrutura. Obras que estavam paradas estão voltando e as encomendas também", disse.
Na avaliação do executivo, a recuperação do mercado brasileiro está realmente acontecendo em “V”. “O único setor que não segue essa tendência é o automotivo, que está com uma retomada mais lenta”, disse.
Werneck disse que, além da retomada em construção civil e infraestrutura, as vendas do varejo, que são puxadas por obras domésticas, foram impulsionadas pelo auxílio emergencial. “Estou bem otimista para o segundo semestre deste ano."
O varejo, segundo o executivo, representou 25% da receita da Gerdau no Brasil. No segundo trimestre, o faturamento da subsidiária brasileira foi de R$ 3,56 bilhões. “É um volume muito importante para os negócios no Brasil.”
Outra frente que a Gerdau coloca como prioridade é a área de novos negócios. Segundo Werneck, nos próximos 10 anos, 20% da receita da companhia deverá vir dessa divisão. “Queremos ser muito mais serviços e menos commodities. É o caminho mais importante para nós. Há serviços de nicho, como o fornecimento de aços para energia eólica. Hoje, esses produtos são importados para fabricação de um gerador e há intenção agora de produzir no Brasil.”
Exportações
O presidente da Gerdau disse também que as exportações devem ser uma ferramenta importante para melhorar a receita da companhia no segundo semestre. Segundo ele, no segundo trimestre, a Gerdau identificou oportunidades e exportou até para a China, no período.
“Religamos o alto-forno 2 em Ouro Branco (MG) em junho para atender a exportação. Exportamos até para a China, que depois de 11 anos se tornou importador de aço em junho. Temos fechados negócios de exportação nesses meses e estamos preparados para atender a demanda. Essa será uma via interessante de geração de resultados no segundo semestre”, disse.
Segundo ele, para a China a Gerdau exportou semi-acabados, como tarugos e placas. “Estamos sempre atrás de oportunidades, o que aconteceu na China foi interessante, mas quando se olha no volume total exportado é pequeno, quando se olha as oportunidades no mercado global. Com o alto-forno 2 e as vendas externas, vamos completar a nossa capacidade produtiva no Brasil.”
No segundo trimestre, as vendas externas somaram 239 mil toneladas, volume 34% maior que o primeiro trimestre deste ano.
Werneck disse que o volume exportado pela empresa no segundo semestre deverá ser semelhante ao apurado no início de 2019.
“Crescemos 34% na exportação no segundo trimestre com relação com o primeiro trimestre deste ano. A grande mudança de cenário ocorreu nos últimos meses e tivemos oportunidades mundo afora.” Segundo ele, a Gerdau já tem pedidos para três meses e em 30 a 40 dias a carteira de exportação até o final do ano será fechada. “Temos condições de retomar ao nível do início do ano passado”, afirmou.
Com relação a investimentos, o vice-presidente de relações com investidores, Harley Scardoelli, disse que a companhia deverá reavaliar os recursos para 2021 ao final deste ano. De 2019 a 2020, a Gerdau estima aportar R$ 6 bilhões, sendo que, neste ano, a expectativa é de recursos da ordem de R$ 1,6 bilhão.
O maior investimento dentro deste plano é a reforma e expansão da usina de Ouro Branco.
Fonte: Valor