A Gerdau vai investir R$ 1 bilhão em sua operação de aços especiais no Brasil. A companhia, segundo Rubens Pereira, vice-presidente da unidade, vai aplicar os recursos de 2021 a 2022 para aumentar a capacidade de produção desse tipo de aço - usado principalmente na indústria automotiva - e na modernização de suas operações.
Os aportes vão ser aplicados nas três unidades que a siderúrgica mantém no país: Charqueadas (RS) e Mogi das Cruzes e Pindamonhangaba (SP) “A maior parcela dos investimentos irá para Pindamonhangaba no novo lingotamento contínuo, que vai produzir aços mais ‘limpos’ e resistentes”, disse o executivo.
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Pereira informou que o novo equipamento em Pindamonhangaba está previsto para entrar em operação em agosto de 2022 e, com ele, a Gerdau terá um processo mais automatizado e com melhor rendimento.
“É um tipo de aço, que chamamos de clean steel, fundamental para conseguir prolongar a vida de um rolamento, por exemplo. Já produzíamos esse tipo de produto, mas o que passaremos a fabricar com esse investimento é um aço com maior durabilidade”, acrescentou o executivo.
Em Mogi das Cruzes, ele disse que a Gerdau vai reativar a aciaria, cuja operação estava paralisada desde março de 2019. A retomada deve ocorrer no início de setembro, segundo o executivo, e serão contratados mais 150 pessoas para a operação. Com essa usina, a Gerdau terá uma capacidade anual de 180 mil toneladas de aço por ano, que será laminado em Pindamonhangaba.
No ano passado, a siderúrgica produziu no Brasil 661 mil toneladas de aços especiais. A estimativa para este ano, disse Pereira, é de 880 mil toneladas, podendo alcançar 1 milhão de toneladas quando a usina estiver em plena capacidade. Ao todo a divisão de aços especiais da Gerdau produziu, no ano passado, 1,42 milhão de tonelada, somando suas unidades de produção nos EUA.
Já na unidade gaúcha, Pereira ressaltou que a Gerdau vai investir no aumento da produtividade de barras de aço. Será instalado um novo forno de recozimento e esferoidização que fará uma produção de aço com graus de dureza maior e mais resistentes.
“Esses investimentos são necessários para preparar a empresa para o crescimento da demanda no médio prazo, em quatro, cinco anos, nos setores automotivo, de máquinas e equipamentos e eólico”, afirmou Pereira.
Atualmente, o setor automotivo, segundo o executivo, representa 70% das vendas do braço de aços especiais da Gerdau. Esse percentual, completou Pereira, deve permanecer por um tempo, mesmo com a baixa utilização da capacidade instalada das fabricas de automóveis no país, que é de cerca de 5 milhões de unidades por ano. No ano passado, as montadoras instaladas fabricaram em torno de 2 milhões de unidades e a estimativa de 2021 é de uma montagem de cerca de 2,5 milhões de veículos.
“O desafio grande no negócio é justamente criar as avenidas de crescimento. Temos um vínculo grande com o setor automotivo. Nesse momento, há uma perspectiva de crescimento, não somente em veículos, mas em máquinas e equipamentos e em usinas eólicas”, afirmou Pereira.
O executivo ressaltou que o segmento eólico pode dobrar de participação em até cinco anos. Hoje, as vendas para usinas eólicas representam de 3% a 4%. “Eólica tem uma demanda potencialmente crescente, é uma avenida importante. Já a evolução de máquinas e equipamentos vai depender de quanto o Brasil pode ser competitivo no mercado mundial. Se aumentar as exportações, esse setor tem boas perspectivas de crescimento no médio prazo”, afirmou o executivo.
Pereira assumiu a o operação de aços especiais no país de no final de 2020. O executivo é formado em engenharia eletrônica pelo Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) e tem MBA pela MIT Sloan School of Management. Fez a carreira industrial no segmento de alimentos. Por 14 anos, atuou na Cargill em novos projetos e outros dois anos na BRF, na área administrativa.
Fonte: Valor