A decisão da Gerdau de cortar os investimentos em 2020 se dá em função das incertezas provocadas pela crise de covid-19 e a consequente redução da demanda de alguns setores, especialmente, o automóveis. “Diante dessas incertezas de mercado, passamos a ser mais conservadores na aprovação de projetos e paralisamos obras em andamento”, afirmou nesta quarta-feira a jornalistas o presidente da companhia, Gustavo Werneck. “Por isso, revisamos nosso plano de investimentos”, disse.
Os investimentos foram reduzidos em R$ 1 bilhão, de R$ 2,6 bilhões para R$ 1,6 bilhão. Esse ajuste implica a paralisação dos principais investimentos que a empresa vinha fazendo nas duas maiores usinas de aços especiais, uma em Pindamonhangaba (SP) e outra nos Estados Unidos.
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“São investimentos para acompanhar a evolução tecnológica da indústria automobilística e como certamente haverá uma queda grande na venda de veículos este ano, isso nos deu um pouco mais de tempo”, disse ele. “A gente reduziu, mas acredita que, no médio prazo, não vai ter nenhum impacto na nossa capacidade de atender ao mercado.”
Como forma de evitar demissões em meio à pandemia, a Gerdau reduziu a jornada de trabalho de 25% de seus funcionários no Brasil. Isso equivale a 4 mil trabalhadores. “A gente tem feito todos os esforços e vamos continuar fazendo para que a gente não tenha redução de quadro”, disse Werneck.
“A gente tem utilizado intensivamente todas as medidas disponíveis”, afirmou. “Não houve demissão”, sustentou. Além da redução da jornada e dos salários, a empresa também recorreu a suspensão temporária do contrato de trabalho, férias coletivas e paradas para manutenção.
Segundo Werneck, ainda em abril, as aciarias elétricas da Gerdau pelo país voltaram a operar, seguindo as orientações de prevenção ao coronavírus. No mesmo período, a companhia passou a registrar uma melhora no ritmo de pedidos e avalia que, do ponto de vista do negócio de aço, a pior fase dos efeitos da pandemia pode ter já passado. “A gente enxerga talvez que o momento mais difícil já tenha passado”, disse.
Segundo ele, a entrada de pedidos chegou a cair cerca de 60% em relação a janeiro e fevereiro. Em abril, já começou a haver uma melhora e a tendência é que isso perdure agora. “A gente imagina que maio encerre com queda [na entrada de pedidos] de 25%”, disse. Werneck afirmou também que a empresa já nota uma melhora nos níveis de inadimplência dos contratos.
A expectativa, de acordo com o executivo, é que o setor da construção civil consiga se recuperar de forma mais rápida neste ano do que a indústria.
“A gente segue se preparando para um ano bom para a construção civil residencial e comercial”, disse. “A grande preocupação nossa é com relação à indústria”, acrescentou.
Fonte: Valor