O governo prevê um superávit comercial de US$ 50,1 bilhões este ano, o terceiro maior da história, só perdendo para 2018 e 2017, quando os saldos positivos atingiram, respectivamente, US$ 67 bilhões e US$ 58,7 bilhões. A informação foi dada, nesta segunda-feira, pelo secretário de Comércio Exterior, Lucas Ferraz. O número ´projetado é resultado da diferença entre US$ 245,9 bilhões em exportações e US$ 195,8 bilhões em importações.
Em percentuais, Ferraz aposta em um aumento de 2,5% das vendas externas e de uma expansão ainda maior, de 8%, dos gastos no exterior, como consequência da recuperação da economia brasileira, estimada em crescimento entre 2% e 2,2% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2019.
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- O Brasil vem lentamente se recuperando de uma grave crise econômica e o aumento das importações é uma prova disso - disse o secretário de Comércio Exterior, que anunciou que o governo fará projeções a cada três meses para a balança comercial brasileira do ano.
Ferraz anunciou os dados do comércio exterior brasileiro de março e do primeiro trimestre de 2019. No mês passado, a balança registrou um superávit de US$ 4,990 bilhões, o terceiro pior dos últimos três anos. As exportações somaram US$ 18,120 bilhões - com queda de 17,1% ante o mesmo mês do ano passado - e as importações, US$ 13,130 bilhões, uma expansão de 9,5%.
No trimestre, a balança comercial registrou um saldo positivo de US$ 10,889 bilhões, com exportações de US$ 53,026 bilhões e US$ 42,138 bilhões em importações. No mesmo período do ano passado, houve um superávit de US$ 12,243 bilhões.
De acordo com o secretário, a queda das exportações não preocupa o governo. Ele destacou que, até então, as vendas externas sempre foram vistas como algo extremamente positivo e a importação como vilã do comércio internacional. Ele reafirmou que a abertura comercial projetada pela área econômica ocorrerá simultaneamente à adoção de medidas para melhorar a economia.
- O governo tem visão mais moderna no comércio internacional, porque enxerga a necessidade de crescimento da produtividade - afirmou.
Novas medidas
Segundo técnicos da área econômica, enquanto aguarda o momento certo para lançar, ainda este ano, o cronograma de reduções de tarifas de importação para o ingresso de produtos importados, o governo trabalha com medidas de curto prazo como parte do processo de abertura comercial. Entre as ações programadas, estão um decreto remodelando a Câmara de Comércio Exterior (Camex), que passará a ter como membro o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade); a revisão dos critérios de avaliação de danos à indústria nacional causados pela prática de dumping de empresas concorrentes estrangeiras; e uma portaria que facilitará a redução de alíquotas bens de capital não produzidos no Brasil, pelo sistema de ex-tarifários.
O Cade participará da Camex, mas não terá direito a voto, e sim a voz. Ou seja, o órgão de defesa da concorrência poderá, se assim o quiser, manifestar-se sobre os assuntos que estiverem em discussão nos comitês. Por exemplo, a autarquia opinará se a adoção de uma sobretaxa à importação de determinado produto, requerida por uma empresa ou setor, é ou não de interesse público.
A composição da Camex também será alterada. O Ministério da Economia, que incorporou as pastas do Desenvolvimento, da Fazenda e do Planejamento, ficará com um único voto. Itamaraty e Agricultura continuarão na câmara e o recém criado Ministério de Infraestrutura substituirá o de Transportes.
Fonte: O Globo