A três meses do fechamento do ano, o Ministério da Economia espera um superávit de US$ 55 bilhões na balança comercial brasileira de 2020, valor US$ 6,9 bilhões acima do saldo registrado em 2019. A estimativa, divulgada nesta quinta-feira, leva em conta uma queda maior das importações do que das exportações. As vendas externas deverão somar US$ 210,7 bilhões, com redução de 6,5%, e os gastos no exterior, que ficarão em US$ 155,7 bilhões, cairão 12,2%.
De acordo com o subsecretário de Inteligência e Estatísticas de Comércio Exterior, Herlon Brandão, as novas projeções levam em conta, do lado das exportações, a melhora nos preços dos bens embarcados, com destaque para o minério de ferro, que em setembro atingiu US$ 80 a tonelada, o que corresponde a um crescimento de 25%. Do lado das importações, o que prevaleceu na estimava foi a retomada da economia doméstica, com crescimento das compras de insumos eletroeletrônicos, principalmente.
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- Tivemos exportação crescente até junho, graças aos volumes embarcados, e após esse período as vendas se mantiveram estáveis. O câmbio também teve seus efeitos no comércio exterior - disse Brandão, referindo-se à desvalorização do real frente ao dólar, que estimula as exportações e encarece as importações.
Superávit é o maior para setembro
Em setembro, a balança registrou um superávit de US$ 6,164 bilhões, o maior resultado para o mês desde o início da série histórica, em 1997. As vendas externas somaram US$ 18,459 bilhões, com queda de 9,1%, enquanto os gastos no exterior, de US$ 12,296 bilhões, tiveram um decréscimo de 25,5%. A corrente de comércio (soma de exportações com importações) caiu 16,4%.
No acumulado do ano, as importações caíram o dobro das exportações. De janeiro a setembro, os embarques ao exterior, de US$ 156,780 bilhões, tiveram uma queda de 7%. Já as compras externas, de US$ 114,336 bilhões, diminuíram 14%. O superávit no período foi positivo em US$ 42,445 bilhões, ante US$ 35,974 bilhões nos nove primeiros meses de 2019.
Houve queda nas importações dos principais mercados fornecedores do Brasil. As aquisições de produtos da Ásia diminuíram 10,6% em relação ao mesmo período do ano passado, e as compras dos Estados Unidos e da Argentina tiveram reduções, respectivamente, de 18,4% e 28,5%.
À exceção da Ásia, as exportações brasileiras caíram para os principais mercados de destino nos nove primeiros meses do ano. As vendas para o mercado asiático subiram 11,7% no período. Para a China, a alta foi de 14,1%. Os chineses são os maiores compradores de alimentos do Brasil.
Arroz
Até o momento, a redução da tarifa de importação de arroz a zero não se refletiu na balança comercial. Praticamente tudo o que o país importou em setembro foi do Paraguai, que não tem imposto no comércio com o Brasil, assim como os demais países do Mercosul.
Com uma base de comparação menor no ano passado - uma vez que, tradicionalmente, o Brasil não importa esse produto em grandes quantidades - as compras de arroz com casca atingiram US$ 16,3 milhões em setembro, uma alta de 1.295%. As aquisições de arroz sem casca somaram US$ 30,9 milhões, um aumento de 55%.
O governo reduziu a zero, até o fim deste ano, a tarifa de importação de arroz para baratear o preço do produto no mercado interno e garantir o abastecimento. As alíquotas são de 10% para o arroz com casca e 12% para o arroz sem casca.
Fonte: O Globo