O governo federal estuda usar a Petrobras para construir as térmicas da Bertin e com isso garantir o suprimento de mais de 3.000 MW de energia em 2013. As tentativas, até agora frustradas, de que empresas privadas comprem as concessões de pelo menos parte das usinas do grupo e o atraso das obras preocupam o governo. A empresa já atrasou oito usinas e precisa construir 15 outras em menos de dois anos. Sem essas térmicas e com o retardamento no cronograma dos linhões do Madeira, o equilíbrio entre oferta e demanda pode ser afetado, se medidas não forem tomadas com urgência.
O Valor apurou que pelo menos cinco companhias privadas estudaram a compra das térmicas: CPFL Energia, MPX Energia, Alcoa, Equatorial e a alemã EoN. As negociações não avançaram porque as empresas vislumbram uma série de dificuldades, entre elas a colocação da energia no sistema. A localização das usinas vendidas em leilão foi alterada pela Bertin, em busca de ganhos logísticos, mas isso significa alterar as linhas de transmissão.
No governo Fernando Henrique, a Petrobras já foi usada para garantir fornecimento de energia elétrica ao ser obrigada a fornecer gás dentro do Programa Prioritário de Termelétricas (PPT), o que deu prejuízos à estatal. Em 2007, a Petrobras também foi acionada quando a Argentina cortou suprimento ao país.
A estatal informou por meio de sua assessoria que desconhece negociação para a compra de usinas da Bertin. A Petrobras é sócia minoritária do grupo em três termelétricas a óleo. Duas estão funcionando desde 2009 e outra deve entrar em operação em 2012.
A Petrobras e a Eletronorte são hoje as maiores credoras na Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). Portanto, elas assumirão parte do ônus da inadimplência dessas térmicas no mercado de liquidação se a Bertin não depositar os R$ 200 milhões efetivamente liquidados financeiramente e não pagos.
A Bertin já investiu R$ 600 milhões nas térmicas e não aceita a ideia de transferir o direito de construí-las. Nesta semana, a Aneel tirou da empresa a esperança de ter o prazo prorrogado para entrada em operação das usinas que deveriam estar prontas desde janeiro. A decisão foi interpretada como um aviso do governo de que pretende resolver a questão rapidamente.
Fonte: Valor Econômico/Josette Goulart | De São Paulo
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