A participação das importações na demanda doméstica de produtos químicos de uso industrial chegou a 38,3% nos sete primeiros meses do ano, um recorde em 28 anos de análise, de acordo com dados preliminares divulgados pela Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim).
Ao mesmo tempo, a utilização da capacidade instalada foi de 78%, um ponto percentual abaixo do verificado no mesmo período no ano passado.
PUBLICIDADE
No intervalo, as importações dos produtos amostrados no Relatório de Acompanhamento Conjuntural (RAC) da Abiquim, todos com produção local, subiram 33,6%, enquanto a demanda doméstica, medida pelo consumo aparente nacional (CAN), cresceu 9%. As exportações, por sua vez, recuaram 0,7%.
Em nota, o presidente-executivo da Abiquim, Fernando Figueiredo, afirma que os dados comprovam que a recuperação do setor está se traduzindo em volta do crescimento das importações. “A indústria precisa de condições para crescer junto. Um país rico em petróleo e gás e com a maior biodiversidade do mundo não pode ter as matérias-primas e energia mais caras do mundo. Temos demanda doméstica que é atendida por importações, levando riqueza e emprego para outros países”, diz.
Especificamente em julho, na comparação com o mês imediatamente anterior, houve alta de 10,04% na produção de químicos no país. Na mesma comparação, as vendas internas tiveram alta de 4,20% e o índice de utilização da capacidade instalada subiu quatro pontos percentuais, para 78%.
Conforme a Abiquim, a melhora deve-se principalmente à fraca base de comparação, por causa de paradas programadas para manutenção e “problemas operacionais isolados”, além do mercado retraído. No mês passado, as importações cresceram 11,4% e as vendas destinadas ao mercado externo tiveram recuo de 2%.
Segundo a diretora de Economia e Estatística da Abiquim, Fátima Giovanna Coviello Ferreira, o aumento da participação dos importados é puxado principalmente por produtos destinados ao agronegócio. Uma das principais preocupações da indústria, diz a diretora, está relacionada à elevação das importações indiretas de produtos químicos, “contidos na importação de bens acabados, o que pode levar à desestruturação do setor químico no país" e ao fechamento de fábricas, "pela intensificação da falta de competitividade”.
Fonte: Valor