Os estoques de aços planos na rede de distribuição continuam elevados num patamar acima de 1,22 milhão de toneladas, mantendo-se num nível próximo de 4 meses de venda, segundo dados Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), divulgados ontem. "Infelizmente, o volume de aço estocado não caiu tanto quanto a gente imaginava. Recuou apenas 30 mil toneladas no mês, ou 2,8%, na comparação com agosto. Prevemos que as compras em outubro terão queda em torno de 10%", disse Carlos Loureiro, presidente do Inda. Na sua avaliação, a morosidade na desova dos estoques é consequência do que denominou de "volúpia da importação" estimulada pela demanda interna superaquecida e facilitada pelo câmbio sobrevalorizado.
Em setembro, o volume de aço plano importado somou 340 mil toneladas, dos quais a rede de associados do Inda respondeu por 66 mil toneladas, segundo ele. O total importado pelo país foi de 550 mil toneladas, conforme o Instituto Aço Brasil (IABr). De janeiro a setembro, as importações de aços planos acumularam 2,9 milhões de toneladas, podendo fechar o ano com 3,5 milhões.
Para o ano, prevê Loureiro, incluindo aços longos, a importação total do país ficará em 5,7 milhões de toneladas, um recorde, superando de longe o volume estimado pelo IABr em julho, de 4,2 milhões de toneladas. Essa enxurrada vem causando impacto na produção do país: em setembro, o volume foi de 2,7 milhões de toneladas, 7% inferior ao de agosto e 1,2% menor que um ano atrás.
O dirigente do Inda considera muito preocupante o aumento da participação do aço importado no consumo aparente brasileiro, que chegou a 22% em setembro. "O consumo deve crescer 40% este ano, para além de 25 milhões de toneladas, e mais da metade desse percentual virá da importação".
O processo de adequação dos estoques da rede em 2,5 meses vai demorar mais do que o previsto pelo Inda. "Acredito que a situação só vai se normalizar no primeiro trimestre de 2011. Há uma inércia na importação e as encomendas levam quatro meses para chegar e o número de importadores vem subindo, incluindo traders e distribuidores não associados, atraídos pelo aquecimento do mercado doméstico. Na pior das hipóteses, em março, pois o número de navios a chegar em novembro carregados de aço já está caindo". Mas reconhece que a importação veio para ficar, mas em níveis abaixo do atual, na faixa de 8% a 10% do consumo aparente do aço no país.
Para analistas do Credit Suisse, com base em dados do Inda, a desestocagem de aço pode demorar vários meses. "Os distribuidores têm cortado compras, mas não o suficiente para reduzir os estoques". A expectativa é que os estoques atinjam entre níveis de 3,2 a 3 meses só a partir do final do ano.
Fonte: Valor Econômico/Vera Saavedra Durão | Do Rio
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