A Índia está considerando restringir suas exportações de trigo, depois que a maior onda de calor em 122 anos prejudicou as lavouras do país.
Março foi o mês mais quente já registrado na história da Índia, o que impediu o crescimento das plantas. Segundo as agências Reuters e Bloomberg, o governo reduziu sua estimativa de produção para a temporada atual de 111 milhões para 105 milhões de toneladas.
Para salvaguardar o abastecimento doméstico, o governo está considerando limitar as exportações de trigo, de acordo com uma fonte ouvida pela Bloomberg. Autoridades de alto escalão estão discutindo a medida e a recomendarão ao primeiro-ministro Narendra Modi, que então tomará a decisão.
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A intenção é estabelecer um preço mínimo de exportação para que o trigo não possa ser enviado ao exterior abaixo desse nível. Dessa forma, sem proibir totalmente, o governo pode aumentar a oferta interna e controlar os preços, segundo a fonte.
Um porta-voz do Ministério da Agricultura da Índia não estava disponível para comentar. Um porta-voz do Ministério das Finanças não respondeu, e o Ministério do Comércio também não se pronunciou, segundo a Bloomberg.
Oportunidades perdida
Restringir as exportações seria um golpe para a ambição da Índia de lucrar com a alta dos preços globais do trigo depois que a invasão da Rússia na Ucrânia abalou os fluxos comerciais da região do Mar Negro. Países importadores como o Egito já buscaram suprimento na Índia.
A Índia exportou um recorde de 7,85 milhões de toneladas no primeiro trimestre deste ano – um aumento de 275% em relação ao mesmo período de 2021 -, aproveitando a alta dos preços provocada pela guerra.
Uma eventual restrição reforçaria os movimentos protecionistas observados em todo o mundo, à medida que os governos buscam proteger seu próprio suprimento de alimentos em meio à alta dos preços e ao medo de escassez. Para especialistas, isso tem o potencial de aumentar a inflação global de alimentos, que já é recorde e cresce em ritmo desenfreado.
Fonte: Valor