O setor industrial reduziu o ritmo de atividade em abril, em relação aos três primeiros meses do ano, perspectiva que se mantém para maio. Os indicadores dessazonalizados apurados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) para o quarto mês do ano mostram, comparados a março, alta de 4,3% no faturamento, 1,5% nas horas trabalhadas e recuo de 0,1% no emprego. O uso da capacidade instalada encerrou abril em 82 pontos percentuais, segunda queda consecutiva da ocupação do parque fabril.
Na base de comparação com abril do ano passado, as altas foram de 4,9% no faturamento, 0,7% nas horas trabalhadas e 2,8% no emprego. O gerente da Unidade de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, salientou que essas variações ficaram bem inferiores aos percentuais registrados no acumulado de janeiro a abril, período em que faturamento, horas trabalhadas e emprego computaram acréscimos de 6,5%, 2,6% e 3,7%, respectivamente.
Para o economista, as variações menores em abril "puxaram" para baixo a média do quadrimestre e configuram um claro sinal de desaceleração da atividade industrial. "A tendência recente mostra que a indústria vai crescer em 2011. Mas há certa perda de ritmo em curso. Em abril, houve expansão, mas em níveis inferiores ao verificado nos meses anteriores", ressaltou.
Na avaliação da CNI, o segundo recuo consecutivo no uso da capacidade instalada é um fato que chama atenção. O indicador passou de 83 pontos percentuais em abril de 2010 e de 82,4 pontos em março para 82 pontos em abril.
O ajuste dos estoques e a redução da demanda são dois fatores que agem conjuntamente para reduzir o nível de ocupação do parque fabril ou para conter sua evolução. As indústrias iniciaram o ano com baixo nível de mercadorias e a produção entre janeiro e março foi em parte destinada a recompor esses estoques. Em abril, a avaliação dos industriais era que o nível dos estoques já estava acima do desejável. Com isso, reduziram a produção.
Adicionalmente, o setor industrial vem ajustando a produção a um menor ritmo de expansão da demanda, em consequência das medidas de restrição ao crédito e elevação dos juros. A perspectiva é que em maio o uso da capacidade instalada se mantenha estável.
Apesar das indicações de menor expansão do setor industrial este ano, na comparação com 2010, a CNI reviu de 2,8% para 3,2% a estimativa de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) para 2011. A elevação na projeção se deve mais a um cálculo conservador feito anteriormente que à expectativa de melhora expressiva do desempenho do setor para este ano.
Fonte: Valor Econômico/Luciana Otoni | De Brasília
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