A Fundação Getulio Vargas (FGV) projeta forte redução no ritmo de crescimento da indústria brasileira em 2011. Pelos cálculos da instituição, a expansão do setor, que em 2010 foi de 10,5% frente a 2009, neste ano deve ficar entre 1,5% e 2%.
“A indústria está num período de desaceleração. Há acúmulo de estoques em várias empresas, o nível de utilização da capacidade instalada está baixo e o cenário internacional, desfavorável”, explica o superintendente de Ciclos Econômicos da FGV, Aloisio Campelo.
De acordo com levantamento da instituição, a parcela das empresas que considera como excessivo seu nível atual de estoques avançou de 6,6% em julho para 9,5% em agosto, o maior percentual desde julho de 2009. Dos 14 segmentos avaliados, 11 apontaram elevação nos estoques no período.
“O acúmulo de mercadorias evidencia um desequilíbrio entre a demanda prevista e a realizada. Antes de voltar a produzir, as empresas terão que liberar os estoques”, afirma Campelo.
Em agosto, o nível de utilização da capacidade instalada da indústria de transformação baixou para 83,6%, após registrar 84,1% em julho e 84,3% em junho. Pela primeira vez desde setembro de 2009, a demanda global recuou abaixo da média histórica, com retração tanto da demanda interna quanto da externa.
A parcela das empresas que consideram a demanda interna forte caiu de 19,8% em julho para 17,7% em agosto, enquanto a fatia das que a veem como fraca subiu de 8,9% para 10,6%. Ao mesmo tempo, a proporção das companhias que classificam a demanda externa como forte baixou de 8,3% para 4,7%, e o percentual das que a consideram fraca avançou de 10,4% para 11,3% no mesmo período.
“A retomada do ritmo de crescimento da indústria vai depender do cenário internacional. O setor está demonstrando baixa confiança, o que nos faz crer que, na melhor das hipóteses, o desempenho do terceiro trimestre ficará próximo a zero”, avalia o superintendente de Ciclos Econômicos da FGV.
O Índice de Confiança da Indústria (ICI), apurado pela FGV, caiu 2,2% entre julho e agosto, registrando a oitava queda consecutiva e contabilizando o menor patamar desde agosto de 2009. O resultado reforça a interpretação de que o aumento de 0,5% na produção industrial em julho frente ao mês anterior, apontado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), não representa uma retomada de fôlego pelo setor.
Fonte: Valor
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