A indústria de transformação da Bahia, na avaliação do superintendente de Desenvolvimento Industrial da Federação das Indústrias do Estado da Bahia, Fieb, João Marcelo Alves, vem apresentando desempenho positivo, até maio, mostrando recuperação em relação ao ano passado, quando houve problemas na operação de diversas plantas industriais.
Mas a questão dos insumos vem se tornando um ponto crucial para o desenvolvimento do setor. Alves é categórico: “A questão da energia é importante, quando se considera o alto custo para as empresas.
Recentemente, no final de 2010, a Novelis fechou a fábrica no Centro Industrial de Aratu, por conta, dentre outros motivos, da alta do preço da energia elétrica, que aumentou mais de 50% nos seis anos anteriores a 2010. De acordo com nota da empresa, ocorreram tentativas para renovar, a preços mais competitivos, o contrato de fornecimento de energia, mas não se obteve êxito.
O superintendente da Fieb também pontua que, “além do preço elevado, muitas empresas, sobretudo as do interior da Bahia, se queixam da qualidade da energia fornecida e do elevado número de interrupções. Há também demora em instalação de novos pontos”.
Alves argumenta ainda que “alguns insumos são importados, sobretudo pelo Porto de Aratu, e sofrem com as deficiências portuárias. Outra parte vem para a Bahia via terrestre, encontrando estradas em razoável estado de conservação, porém aquém da capacidade. As rodovias federais da Bahia são antigas, com curvas acentuadas e perigosas e muitos aclives, além de estreitas, em via dupla, com poucas opções de ultrapassagem.
Há necessidade de duplicação de vários trechos, sobretudo nas BR-116 e BR- 101”, aponta. A infraestrutura baiana também é apontada por João Marcelo Alves como grande entrave para o desenvolvimento da indústria de transformação e do próprio estado.
“Os problemas dos portos baianos acumularam pela ausência de investimentos, tanto na necessária modernização quanto na ampliação da infraestrutura e, em algumas vezes, na simples manutenção de suas instalações.
A situação dos portos organizados da Bahia não é animadora e contribui para o aumento das incertezas quanto às possibilidades de crescimento sustentado da indústria do Estado”, cita e acrescenta: “O Porto de Salvador é praticamente o mesmo porto que existia há 50 anos, com uma única modificação importante que foi a concessão do terminal de contêineres.
O Porto de Aratu, por sua vez, salvo pequenas intervenções emergenciais, é o mesmo porto construído para suportar as cargas do Centro Industrial de Aratu e do Polo Petroquímico, há mais 30 anos, e o Porto de Ilhéus apresenta o mesmo cenário”.
Exportações cresceram 4,7% no 1º semestre
No tocante às exportações, especificamente para a indústria de transformação, João Marcelo Alves menciona que, no acumulado do primeiro semestre de 2012, elas totalizaram para a Bahia US$ 5,1 bilhões, com aumento de 4,7% em relação ao verificado em igual período do ano anterior, e as importações, com US$ 3,95 bilhões, registraram expansão de 7,7% em relação ao verificado no período entre janeiro e junho de 2011.
“O maior crescimento das importações em relação às exportações resultou numa redução de 19% do saldo comercial do acumulado do primeiro semestre de 2012 em relação ao igual período do ano anterior, mas levou a um crescimento de 6% na corrente de comércio baiana em relação ao registrado em igual período do ano anterior. No período, as exportações baianas alcançaram 4,4% do valor total das exportações brasileiras e as importações, 3,6% do valor total das importações brasileiras”, comenta.
Ele ressalta que, no mesmo período, as exportações brasileiras apontaram queda de 0,9%, enquanto as importações registraram alta de 4,6%. “O resultado superior da Bahia em relação ao Brasil no primeiro semestre deve ser relativizado, por conta da base de comparação deprimida de igual período de 2011. No primeiro semestre de 2011 ocorreu uma forte redução das exportações petroquímicas, causada pelo impacto negativo da interrupção do fornecimento de energia elétrica.
No primeiro trimestre de 2011, o apagão de fevereiro de 2011 teve o efeito de derrubar as exportações da seção dos Produtos das Indústrias Químicas em 30,9%, o que representou uma perda de US$ 124,5 milhões”, cita e destaca: “Até o primeiro semestre daquele ano, as exportações de produtos químicos apresentavam queda de 7,6%.
Outras seções também foram atingidas, como as de Plástico e Borracha e de Material de Transporte, dentre outras. Neste semestre observa-se um forte aumento das vendas externas de óleo combustível, algodão e soja, dentre outros”.
Ele ainda analisa os impactos do câmbio nas exportações do segmento industrial. “Com os dados consolidados das exportações brasileiras, observa-se que o fator câmbio influenciou negativamente as vendas para o exterior até o primeiro semestre deste ano.
Desde março de 2012, no entanto, o real vem se desvalorizando, alcançando o patamar de R$ 2, a cotação do dólar. Pelo fato de que os contratos de exportação reagem com certa defasagem, o estímulo do câmbio deverá ocorrer mais acentuadamente perto do fim deste ano.
O cenário é um pouco mais complexo quando se considera a atual crise internacional. Mais do que o efeito câmbio, vê-se que parte da queda das exportações brasileiras reflete a redução dos preços das commodities internacionais, sobretudo de minério de ferro”.
Fonte: Tribuna da Bahia / Alessandra Nascimento
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