O investimento direto no país (IDP) foi de US$ 34,2 bilhões em 2020, o menor resultado anual desde 2009, de acordo com as estatísticas divulgadas nesta quarta-feira pelo Banco Central (BC).
Desde os primeiros impactos econômicos causados pela pandemia, em abril de 2020, o país vem registrando investimentos abaixo da média registrada nos últimos anos. Com um cenário econômico de mais incerteza e riscos, os possíveis investidores tendem a se resguardar e postergar decisões.
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Além de ser o menor em 11 anos, o resultado de 2020 é metade do registrado em 2019, quando US$ 69,2 bilhões entraram no país. O número também está abaixo do projetado pelo Banco Central em dezembro.
Diante dos efeitos da crise durante o ano, o BC havia recalculado suas projeções e diminuído as expectativas de IDP para 2020 de US$ 50 bilhões para US$ 36 bilhões. O que frustrou as novas expectativas foi o resultado de dezembro, quando US$ 739 milhões entraram no país, bem abaixo da projeção do BC de US$ 2,6 bilhões.
Na avaliação da economista-chefe da CM Capital, Carla Argenta, os resultados mais baixos no investimento devem continuar nos próximos meses.
— As maiores empresas do mundo, tanto as que são brasileiras quanto as estrangeiras, têm uma política de investimento dos lucros correntes. Como 2020 foi um ano muito ruim, o investimento que essas companhias planejavam levar a cabo ao longo de 2020 e 2021 ficou comprometido.
Antes mesmo da divulgação dos resultados pelo Banco Central, já havia sinais da perda de apetite do investidor estrangeiro no Brasil. No começo deste ano, a Ford decidiu, após mais de cem anos de atuação no país, abandonar a fabricação local de automóveis e vai trabalhar com a importação de veículos a partir da Argentina.
No fim do ano passado, a Mercedes também optou por deixar de fazer carros no país. Reportagem recente do GLOBO mostrou que, desde 2018, o país perde uma multinacional a cada três meses.
Entre os fatores citados pelos especialistas para justificar a saída de investidores e empresas estão a baixa competiividade e a estagnação da economia, aprofundada pela pandemia.
Fonte: O Globo