Nos primeiros três meses de 2010, a relação entre investimento e consumo manteve a trajetória positiva iniciada no terceiro trimestre do ano passado, quando os gastos em máquinas, equipamentos e na construção civil começaram a crescer a um velocidade superior a do consumo dos demais bens e serviços da economia. Nos últimos três trimestres, o investimento cresceu 7,5% (terceiro sobre o segundo) 7,1% (quarto sobre o terceiro) e 7,4% (primeiro de 2010 sobre o final de 2009), sempre considerando a série com ajuste sazonal, enquanto o consumo das famílias evoluiu a taxas menores e decrescentes - 2,5%, 2,1% e 1,5%, nas mesmas comparações.
Rebeca Palis, gerente de contas trimestrais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ressaltou que o consumo das famílias manteve uma trajetória de desaceleração no primeiro trimestre, mas este comportamento não é motivo de alerta, uma vez que o indicador não chegou a apresentar resultado negativo durante a crise. O investimento, ao contrário, caiu fortemente no início da crise externa.
"Houve desaceleração porque o consumo das famílias já estava em um patamar elevado", afirmou Rebeca, lembrando que na comparação com os três primeiros meses do ano passado houve alta de 9,3%, mostrando uma aceleração frente aos 7,7% observados no quarto trimestre de 2009. "Nesta comparação, o consumo das famílias voltou a crescer em patamar anterior à crise", acrescentou, ressaltando que a alta de 9,3% é igual à do terceiro trimestre de 2008, exatamente quando foi deflagrada a crise.
No primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2009, o crescimento da formação bruta de capital fixo (FBCF) foi de 26%, o maior avanço da série histórica iniciada em 1995 e significou a volta ao patamar anterior à crise internacional, no terceiro trimestre de 2008. O resultado não foi suficiente, no entanto, para reverter a queda de 1,5% na FBCF acumulada em quatro trimestres, uma vez que o recuo começou após o agravamento da crise, apenas no primeiro trimestre de 2009.
A alta de 14,6% do setor manufatureiro no primeiro trimestre de 2010, em relação aos três primeiros meses do ano passado, foi impulsionada pelo recorde registrado pela indústria de transformação, cujo avanço no período foi de 17,2%, o maior da série histórica do IBGE. A construção civil também contribuiu para sustentar o avanço da indústria no trimestre, tendo registrado recorde histórico ao subir 14,9%.
Fonte: Valor Econômico/ Juliana Ennes e Rafael Rosas, do Rio
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