Lakshmi Mittal, presidente mundial da ArcelorMittal, criticou ontem o modelo trimestral de revisão dos preços de matérias-primas consumidas pelos produtores de aço, como minério de ferro e carvão.
Embora acredite ser cedo para mensurar o impacto da mudança do sistema, o executivo apontou que a possibilidade de maior volatilidade nos preços de insumos poderá gerar distúrbios na cadeia, em um momento em que a sustentabilidade da recuperação econômica ainda é foco de dúvidas.
"Muitos de nossos clientes dependem de um ambiente de preços estáveis. Com a mudança, esses clientes terão que alterar seus modelos de negócios para se adequarem [à revisão dos preços de três em três meses]", afirmou Mittal, que defende a volta dos contratos anuais na definição de preços das matérias-primas.
Durante palestra no Congresso Brasileiro do Aço - organizado em São Paulo pelo Instituto Aço Brasil (IABr) -, o empresário assinalou que a mudança do modelo de negociação traz preocupações, pois também acompanhou fortes reajustes no preço, como um aumento próximo a 100% no preço do minério de ferro.
Um dos riscos desses reajustes na cadeia, disse o empresário, é a desaceleração de projetos que envolvem o consumo de aço.
"Os preços do minério subiram 100% e também tivemos uma mudança de mecanismo. São dois novos cenários juntos", afirmou Mittal, em sua apresentação. De acordo com o executivo, o sistema que define um preço de referência válido por um ano permite à indústria ter maior foco em produtividade, uma vez que garante a estabilidade nos custos.
Mais tarde, em entrevista coletiva à imprensa, Benjamin Baptista, presidente da ArcelorMittal no Brasil, preferiu não adiantar se a siderúrgica já alterou seus preços aos consumidores brasileiros, mas reconheceu que a pressão sobre os custos - após os reajustes de insumos - terá que ser repassada. "Se os custos sobem, temos que transferir isso ao mercado", apontou.
Fonte: Valor Econômico/ Eduardo Laguna, de São Paulo
PUBLICIDADE