O ano passado dificilmente será esquecido pelos executivos e investidores da Kepler Weber. Mesmo com a pandemia, os resultados da empresa especializada em projetos e serviços pós-colheita bateram recorde. O lucro líquido atingiu R$ 154,6 milhões, 128% mais que em 2020, e o lucro líquido ajustado, sem créditos de PIS/Cofins sobre ICMS executados em 2020 e gastos extemporâneos, teve crescimento de 200%, para R$ 160 milhões.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) somou R$ 232,2 milhões, com alta de 114,3% na comparação, enquanto a margem Ebitda subiu de 16,2% para 19%. A receita líquida, por sua vez, alcançou R$ 1,2 bilhão, com aumento de 82,7% e maior valor da história da companhia gaúcha, fundada em 1926.
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Segundo o CEO da Kepler Weber, Piero Abbondi, o avanço dos resultados refletiu uma combinação de fatores. “Na área macro, os bons resultados do agronegócio, apesar de problemas pontuais na safra de algumas regiões, garantiram boa rentabilidade ao produtor - que por sua vez, passou a investir.”
A disponibilidade de linhas de financiamento ao agronegócio, como o PCA, os preços internacionais das commodities em níveis elevados e a taxa de câmbio favorável também entram na conta de fatores positivos externos à empresa, diz Abbondi.
O executivo realça, ainda, os resultados obtidos com gestão de custos das matérias-primas, em conjunto com medidas de estabilização da cadeia de abastecimento. “Tivemos um período difícil, com aumentos de custos, escassez de matéria-prima e problemas com a logística internacional de transporte que nos assustaram, mas que, ao longo do ano, foram sendo mitigadas”, afirma.
Paulo Polezi, diretor financeiro da companhia, cita como exemplo o preço do aço plano, que representa quase 50% do custo por produto vendido pela Kepler. A matéria-prima subiu 112% no ano. “Até maio, além do preço alto não tínhamos um abastecimento tranquilo. Mas isso foi se normalizando durante o segundo semestre e conseguimos repassar integralmente os aumentos aos nossos clientes”, conta ele.
Armazenagem
A receita líquida na área de armazenagem, carro-chefe da Kepler Weber, chegou a R$ 903,2 milhões no ano passado, em alta de 113,1% ante 2020. Nessa área, a rentabilidade do produtor, resultado do câmbio e dos preços das commodities, foi um fator fundamental. Mas a companhia também passou a priorizar os projetos por data de entrega, e a estratégia teve reflexos no crescimento do faturamento e das margens.
A receita líquida das exportações aumentou 19% em 2021, para R$ 126,6 milhões, com destaque para os resultados entre outubro e dezembro, que cresceram 70,2% em relação ao quarto trimestre de 2020. “O câmbio favorável foi fundamental para nos fazer chegar a regiões onde antes não atuávamos, como África e Eurásia”, afirma Polezi. Para esses mercados, as vendas superaram US$ 5 milhões.
Também houve uma melhora no ambiente de negócios da América do Sul, com Paraguai e Venezuela voltando às compras e com os produtores do Uruguai recebendo condições especiais do governo para investimentos em infraestrutura. “Ter exposição internacional é importante e distribui nosso risco. Queremos manter uma estratégia em que as exportações representem de 15% a 20% do faturamento”, diz Abbondi. Hoje, a fatia é menor que 10%.
Granéis sólidos
No segmento de granéis sólidos, que inclui projetos para portos e terminais, a receita líquida caiu 36% em relação a 2020, para R$ 26,5 milhões. “São projetos de ciclo longo que foram paralisados com as incertezas diante da covid-19 e dos problemas com a logística, mas que estão sendo retomados” afirma o CEO.
Por fim, a receita líquida da área de reposição e serviços atingiu R$ 169,9 milhões, ou 13% do total, com aumento de 69,4% na comparação com o ano anterior.
Para este ano, Abbondi diz que as perspectivas são positivas, com a confirmação da continuidade dos pedidos no primeiro semestre. “Apesar de problemas climáticos em algumas regiões, teremos uma nova produção recorde de grãos, com produtores capitalizados. O segundo semestre dependerá da próxima safra e do ambiente macro”, conclui.
Fonte: Valor